Goiás já perdeu 25% da produção por causa da seca Como já era de se esperar os produtores goianos estão em estado de alerta pela falta de chuva
O tamanho do prejuízo foi apresentado, de maneira detalhada, na tarde desta terça-feira (18/2) na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Na ocasião, produtores se reuniram com técnicos agrônomos que explicaram a real situação de cada região do Estado. O destaque foi para a cidade de Quirinópolis onde foi decretada situação de emergência. No geral, a perda de Goiás pode chegar a 25% da produção de soja.
O tema principal do encontro foi o baixo nível da chuva, que há mais de um mês preocupa produtores e que afeta tanto as plantações - com destaque para soja, milho e cana-de-açúcar -, quanto a criação de gado já que os pastos também foram bastante prejudicados.
Com prejuízo estimado em 1,4 milhões de toneladas de grãos, o que equivale a cerca de quase 2 bilhões de reais, os produtores buscaram o apoio da Faeg para complementar as orientações que recebem dos Sindicatos Rurais. A intenção da Faeg ao promover a reunião foi se colocar à disposição para auxiliar os produtores, com orientações técnicas e jurídicas, além de coletar dados para formular um parecer.
“Os produtores estão sofrendo por diversos motivos: seguradoras não conseguem atender nossas chamadas por telefone, faltam peritos para avaliar os danos e, em Goiás apenas 27% da soja é segurada. A renegociação de dívidas junto ao banco, por exemplo, impacta diretamente no limite de crédito e os produtores não podem ter esse limite agravado. Precisamos analisar caso a caso e a Faeg fará isso junto ao Banco do Brasil. Nossa sugestão é que os municípios que tenham maior perda como Quirinópolis decretem estado de emergência”, pontuou o presidente da FAEG, José Mário Schreiner.
Segundo o vice-presidente institucional da Faeg, Bartolomeu Braz, essa avaliação das perdas é necessária para que os motivos sejam identificados. Ele explica que além da falta de chuva é importante que o produtor fique atento às pragas que aumentam o custo da produção. “Já temos regiões com perdas irreparáveis, por isso, quanto mais o produtor se proteger e buscar ajuda na hora certa, melhor”. Bartolomeu disse ainda que o impacto negativo será sentido por todos, inclusive pelo consumidor final, assim como pela Agroindústria, por isso a Faeg não medirá esforços para ajudar o produtor rural.
No total, 35 produtores participaram da reunião, além de técnicos da Faeg, consultores do Senar, e o assessor de agronegócios da Superintendência do Banco do Brasil em Goiás, Talvane Povoa. Ele ouviu as reivindicações dos agricultores sobre o Seguro Rural, que não atende, em totalidade, as demandas dos produtores, principalmente em períodos como este.
Regiões distintas, cenários diferentes
Atravessando seu segundo período de seca consecutivo, o município de Rio Verde apresentou um percentual de perda bastante diversificando com produtores que tiveram 5% e outros que tiveram 100% de perda. Além da falta de chuva a região de Rio Preto, cujo percentual de perda foi de mais de 30%, ainda precisou enfrentar pragas como a Helicoverpa armigera e a ferrugem asiática.
O município de Quirinópolis ganhou destaque na reunião desta terça-feira (18/2). A cidade, onde foi decretada situação de emergência, perdeu cerca de 30% da produção de cana-de-açúcar, 50% de soja – cuja produção caiu para 20 sacas por hectare - e outros 50% de milho. Segundo o presidente do Sindicato Rural da cidade, Cacildo Alves, o fato foi positivo, pois dá ao município maior chance de viabilizar verba junto Governo Federal para cobrir possíveis contratempos como este.
Em Cristalina, a antecipação do plantio – devido à previsão do início do período chuvoso em outubro – fez com que a situação atual não seja tão grave. Mas os produtores da região foram enfáticos ao afirmarem que quem deixou para plantar mais tarde está em situação delicada, com perdas que variam entre 10 e 15%.
Em Santa Helena de Goiás a média da perda foi entre 20 e 25%. Já em Itumbiara os produtores perderam cerca de 40% da produção de soja e 30% na produção de cana-de-açúcar. Em Goiatuba a perda de soja variou de 30 a 40%, sendo que em um universo de 55 mil hectares plantados, 30 são de soja precoce, 60 de soja média e 10 de tardia.
Também foram apresentados os dados de Morrinhos, que perdeu entre 10 e 15% da produção, de Caiapônia, cujo prejuízo ficou entre 5% e 10%, Jataí, com 20% de perda, Vale do Araguaia com 10% de perda, Bela Vista com prejuízo aproximado de 25%, Paraúna com perda de 25% e Edéia com 30% de perda.
Mesmo sendo famoso pela criação de gado leiteiro e a produção de leite, o município de Piracanjuba também foi bastante afetado pela falta de chuva. A média da perda foi de 20%, o que não representa prejuízo se comparado com o histórico de produção da cidade.
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