Alckmin deixa Aécio sozinho em São Paulo
Faltando apenas quatro meses para o início oficial da campanha presidencial, o senador Aécio Neves, provável candidato do PSDB, ainda não conseguiu atrair o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para seu projeto de poder.
Desde que começou em agosto, em Ribeirão Preto, sua jornada para se tornar conhecido no Estado, que representa o maior colégio eleitoral do País, até esse fim de semana em Araçatuba e São Carlos, o senador realizou 13 encontros em cidades paulistas. O governador não participou de nenhum e, segundo informações do Palácio dos Bandeirantes, não deve participar dos próximos, que acontecerão em Santos e na região do ABC.
A ausência de Alckmin tem sido alvo de críticas reservadas da cúpula nacional do PSDB e até mesmo de dirigentes paulistas do partido. Segundo um secretário do governador, o distanciamento de Alckmin em relação a Aécio está forçando o senador a montar uma estrutura paralela no Estado.
Na primeira etapa das viagens no segundo semestre do ano passado, o governador alegava que estava ausente para não melindrar o ex-governador paulista José Serra, que também pleiteava a vaga de candidato. A partir do momento que Serra desistiu de concorrer, aliados de Aécio passaram a pressionar Alckmin por mais engajamento.
Questionado sobre a ausência do governador em mais dois encontros regionais do PSDB no interior de São Paulo essa semana, Aécio afirmou que o momento da "convergência" ainda vai chegar. "O que eu faço aqui é agenda partidária. Esse é um evento do PSDB. O Alckmin está viajando pelo Estado inaugurando obras. Em um determinado momento haverá a convergência."
Para agradar o governador tucano, Aécio aproveitou sua passagem pelo Estado para rebater a sequência de críticas feita pelo ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, provável candidato do PT ao governo paulista.
"Padilha está falando coisas desconexas desde a largada de sua campanha. Eu compreendo que ele está fazendo um esforço para se tornar conhecido, mas, do jeito que vai, ele não deixa uma boa impressão", disse ontem em São Carlos.
Estratégia. Tucanos ligados ao governador paulista afirmam que a distância de Alckmin da "caminhada" de Aécio é estratégica e serviria para valorizar o que, dizem, será uma entrada triunfal do governador na campanha presidencial. A data seria o dia 22 de março, quando Aécio fará o lançamento oficioso de sua candidatura na capital.
Na ocasião, o PSDB espera reunir todos os oito governadores tucanos, além dos representantes da sigla no Congresso e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Antes disso, Aécio ainda fará vários encontros em São Paulo. A meta é começar a visitar regiões e cidades onde o PT predomina. Ontem, em Araçatuba, ele fez o primeiro encontro em uma cidade governada pelo PT. Nas próximas semanas, Aécio deve anunciar uma agenda na região do Grande ABC, Osasco e Guarulhos. Alckmin não estará presente em nenhum desses eventos.
Tucanos paulistas próximos ao governador lembram que Aécio deu um apoio tímido a Alckmin quando ele disputou a Presidência, em 2006, e ainda estimulou a dobradinha eleitoral que ficou conhecida com "Lulécio", quando os eleitores votavam no petista para presidente e no tucano para governador.
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