Perspectivas de boa safra alivia preços agropecuários, aponta FGV
A expectativas de boas safras, especialmente para a soja, derrubaram os preços das matérias-primas brutas agropecuárias em janeiro e contribuíram para a desaceleração nos preços do atacado no âmbito do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI). 'Há a percepção de que a safra de soja terá um volume muito grande, e os riscos de perda estão diminuindo', explicou o superintendente adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros.
Nem a estiagem, frisou Quadros, está sendo considerada como um risco à colheita. 'Não há nenhum impacto da seca sobre o preço.' Além da soja, itens como o milho, as aves e os bovinos também contribuíram para dar alívio aos preços. As matérias-primas agropecuárias tiveram queda de 1,37% nos preços, depois de subir 1,09% em dezembro.
A saída do efeito do reajuste de combustíveis também foi importante para que os preços do atacado e o próprio IGP-DI desacelerassem em janeiro, ressaltou Quadros. No primeiro mês de 2014, o indicador subiu 0,40%, contra 0,69% em dezembro.
'O efeito só não foi maior porque teve um reajuste no óleo combustível, que tem um peso pequeno, é verdade, mas influenciou', explicou o superintendente, em referência ao reajuste de 15% no item, anunciado pela Petrobras em meados de janeiro. Com isso, o óleo combustível subiu 9,39% no IGP-DI de janeiro, com grandes chances de produzir efeitos ainda em fevereiro.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) subiu 0,12% em janeiro, depois de alta de 0,78% em dezembro.
Consumidor
Para o consumidor, a aceleração dos preços relacionados à educação já era esperado, segundo Quadros. O que tem surpreendido - positivamente - tem sido o comportamento dos alimentos, em especial de hortaliças e legumes. 'Normalmente eles têm subida violenta em janeiro', disse o superintendente, ressaltando que esses produtos desaceleraram de 6,27% para 1,60% em janeiro. 'É um fato raro de acontecer.'
Mas ainda há espaço para a Alimentação, que subiu 0,93% (taxa idêntica à de dezembro), recuar ainda mais. 'Essa desaceleração (das hortaliças), acompanhada pelo arrefecimento nos preços de bovinos no atacado, sugere um ambiente mais propício no varejo', completou Quadros. A cadeia de produtos derivados do trigo também não refletiu ainda a desaceleração observada na matéria-prima no âmbito atacadista, ressaltou o superintendente.
'O movimento de alta dos bovinos, por exemplo, não tinha muita consistência, pois está se desfazendo. Pode ter sido mais um pouco de câmbio, aumentando a demanda externa, ou algo ligado à oferta. Não sei se essa seca está provocando algum tipo de prejuízo no pasto', analisou Quadros. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) subiu 0,99%, de 0,69% em dezembro.
Construção
Na construção, a aceleração dos preços (de 0,10% para 0,88%) foi motivada por reajustes salariais em Belo Horizonte e por aumentos em taxas administrativas cobradas por prefeituras, como IPTU. Quadros acrescentou que a elevação do salário mínimo, para R$ 724, pode ter promovido ajustes nas remunerações em diversos locais, para que o mínimo fosse respeitado.
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