Relatório da ONU sobre pedofilia no clero tem 'limitações', diz Vaticano
O Vaticano criticou nesta sexta-feira (7) um relatório incriminador de um órgão da ONU sobre o modo como a Igreja Católica lida com os casos de pedofilia, declarando que o documento possui "sérias limitações", além de acusar os membros do Comitê da ONU de seguir visões preconceituosas.
"As recomendações publicadas pelo Comitê parecem apresentar... graves limitações", declarou o porta-voz Federico Lombardi em um comunicado no site da Rádio Vaticano, defendendo os esforços para acabar com os abusos.
"Foi dedicada mais atenção a organizações não-governamentais bem conhecidas que têm preconceito em relação à Igreja Católica e à Santa Sé do que às posições da Santa Sé", disse Lombardi.
"Isso nos faz pensar que o relatório já estava escrito ou já estava em estágio bem avançado antes da audiência" do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança em Genebra, que ouviu depoimentos de uma delegação do Vaticano sobre sua política de luta contra a pedofilia no mês passado.
A Igreja foi denunciada pelo Comitê da ONU por não conseguir acabar com os casos de padres que realizam abusos, e pediu para que a instituição religiosa entregue os suspeitos e criminosos para serem julgados.
Lombardi disse que a posição da Santa Sé, que tem dito repetidamente que não é legalmente responsável pelas ações de padres individuais, não foi compreendida.
"Eles não entendem ou não querem entender? Em ambos os casos surpreende", declarou.
O porta-voz disse ainda que as observações no relatório do Comitê "parecem ir além de suas competências e interferir nas posições doutrinais e morais da Igreja Católica".
Lombardi enfatizou, porém, que não houve confronto entre o Vaticano e as Nações Unidas, destacando as muitas áreas nas quais os dois trabalham juntos e encontram uma ampla base comum na promoção de valores humanitários.
Mas ele declarou que o trabalho do Comitê atraiu "críticas sérias e bem fundamentadas" e advertiu que a organização como um todo pode sofrer em termos de opinião pública devido às "consequências negativas" do relatório.
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