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Nacional
Quarta - 05 de Fevereiro de 2014 às 13:40

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Vizinhos do cineasta Eduardo Coutinho serão chamados para prestar depoimento a partir da próxima semana. Segundo o titular da Divisão de Homicídios (DH), Rivaldo Barbosa, o objetivo é saber mais detalhes sobre o filho de Eduardo, Daniel Coutinho, que confessou à polícia ter matado o pai a facadas e esfaqueado também a mãe, Maria das Dores Coutinho, de 62 anos.

O delegado disse também que vai pedir à Justiça um exame de sanidade mental de Daniel. "Este pedido já está no inquérito. A delegacia só investiga o fato típico e o anti jurídico. A questão da culpabilidade é com a Justiça, que após o laudo pronto, analisa o resultado e toma as medidas cabíveis", explicou Rivaldo, que acrescentou ainda que além dos vizinhos, a polícia também pretende ouvir o irmão de Daniel, o promotor Pedro Coutinho e a mãe dele, Maria das Dores, que está internada em um hospital particular:

"Nós precisamos que as pessoas que irão depor estejam serenas e lúcidas. Vamos aguardar a mãe se recuperar fisicamente e emocionalmente para tanto ela quanto o outro filho poderem prestar depoimento", completou o delegado.

'Surto psicótico'

Eduardo Coutinho foi morto em casa no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, na manhã de domingo (2). Daniel confessou que matou o pai, esfaqueou a mãe e depois atingiu a própria barriga com facadas. Para a polícia, ele cometeu o crime durante um "surto psicótico". Ele e a mãe passaram por cirurgia no Hospital municipal Miguel Couto. Maria das Dores foi transferida para uma unidade particular na segunda-feira (3), mas o nome do hospital não foi divulgado.

Daniel continua internado sob custódia, já que teve a prisão preventiva decretada pela Justiça do Rio. "Ele confessou o crime e, na verdade, explicou que tinha medo constante de viver e o objetivo era se suicidar, mas ele disse que não queria deixar os pais desamparados", afirmou o delegado Rivaldo Barbosa.

Sobre a informação de que Daniel sofreria de esquizofrenia, o delegado reafirmou que apenas a perícia judiciária poderá confirmar isso e frisou que não há como estabelecer relação entre os fatos. "Não dá para comprovar [que ele seja esquizofrênico]. Não tem relação direta entre doença mental e prática de crime. O que importa é que o crime foi esclarecido pela Divisão de Homicídios", disse Barbosa.

Segundo o inspetor de polícia e psicólogo Gilvan Ferreira, Daniel demostra arrependimento. Ele está estável e lúcido.

Enterro

O corpo de Coutinho foi enterrado às 16h20 de segunda-feira (3). O velório começou às 10h30, na Capela 3 do Cemitério São João Batista, em Botafogo, também na Zona Sul. Dezenas de parentes, amigos e colegas de profissão se despediram de um dos principais documentaristas do país. Uma salva de palmas de quase cinco minutos marcou o adeus a Coutinho.

'Palavras desconexas'

Logo após o crime, Daniel teria batido na porta de um vizinho, "não concatenando as ideias" nem "falando palavras corretas", em um aparente surto, contou o delegado Rivaldo. A mãe de Daniel levou dois golpes de faca nos seios e três na barriga, além de sofrer uma lesão no fígado.

De acordo com o delegado, ela se salvou porque conseguiu se trancar no banheiro após ser ferida. De lá, ligou para o outro filho do casal, o promotor Pedro Coutinho.

Carreira

O paulistano Eduardo Coutinho ganhou em 2007 a estatueta Kikito de Cristal, do Festival de Cinema de Gramado (principal premiação do cinema nacional), pelo conjunto de sua obra. Entre seus principais filmes, estão "Edifício Master", "Jogo de cena", "Babilônia 2000" e "Cabra marcado para morrer".

Em junho do ano passado, ele e o também cineasta José Padilha (autor dos filmes "Tropa de elite" e "Tropa de elite 2: O inimigo agora é outro") foram convidados a integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (Ampas, na sigla em inglês), responsável pela premiação do Oscar.

Em toda a carreira, Coutinho dirigiu 20 filmes, entre longas e curtas-metragens, segundo informações do site IMDB. São eles:

"O ABC do amor" (1967)

"O homem que comprou o mundo" (1968)

"Faustão" (1971)

"Seis dias de Ouricuri" (1976)

"Teodorico, o imperador do sertão" (1978)

"Exu, uma tragédia sertaneja" (1979)

"Cabra marcado para morrer" (1985)

"Santa Marta" (1987)

"O fio da memória" (1991)

"Boca de lixo" (1993)

"Santo forte" (1999)

"Babilônia 2000" (1999)

"Porrada" (2000)

"Edifício Master" (2002)

"Peões" (2004)

"O fim e o princípio" (2006)

"Jogo de cena" (2007)

"Moscou" (2009)

"Um dia na vida" (2010)

"As canções" (2011)






Fonte: G1

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