Empresa libera bermuda pra funcionários. Pode isso, patrão?
Você já reclamou do calor hoje? Se a resposta foi negativa, então possivelmente ouvirá alguém se queixar no seu lugar. E com razão: o último mês de janeiro foi o mais quente de São Paulo desde 1943, e mal fevereiro começou e já bateu outro recorde — a maior temperatura em 71 anos, no último domingo (2).
Pensando nisso, a empresa de engenharia e tecnologia Radix decidiu atender ao pedido de seus funcionários e liberar o uso de bermudas no ambiente de trabalho até o Carnaval. Segundo a coordenadora de comunicação da empresa, Rebecca Ratto, a iniciativa foi aceita prontamente pelos diretores da organização.
— Apesar de aceitar a ideia, a diretoria deixou claro que é preciso levar uma calça reserva, caso o funcionário participe de uma reunião ou visite um cliente.
Para Rebecca, a roupa mais informar não tem impacto negativo no ambiente de trabalho, pelo contrário.
— Os funcionários ficam mais felizes ao trabalhar com mais conforto, eles se sentem em casa, em família. Isso estimula até a criatividade deles.
A concessão da Radix, porém, é vista com reservas pela consultora de imagem corporativa, Renata Mello. Segundo ela, o benefício pode trazer contratempos uma vez que pode ser mal interpretado pelos funcionários e tem data para acabar.
— O problema de uma empresa dar um benefício é não conseguir tirá-lo depois. Eu sou contra [uso de bermuda], a não ser para quem trabalha a céu aberto. Até porque na área interna da empresa geralmente tem ar-condicionado.
A consultora indica, como alternativa à bermuda (e ao jeans), o uso de calça de sarja e tecidos leves, como algodão e lã fria, além de “fugir dos tecidos sintéticos” (poliéster e microfibra). Às mulheres, a dica é evitar decotes e peças justas.
— Para as mulheres, eu sugiro tomar cuidado com regatas e não usar vestidos ou saias muito acima do joelho. É importante também evitar usar peças muito justas, para não ter marcas de suor. No geral, a mulher tem mais opções que o homem, para ela é mais fácil se arrumar.
Aparência x competência
Já a gerente de RH (Recursos Humanos) do site de empregos Catho, Angélica Nogueira, afirma a “boa aparência” varia de acordo com a empresa — numa empresa mais conservadora, por exemplo, roupas sociais pode ser mais indicadas, já numa empresa mais moderna, jeans e camisa é mais usual.
— É consenso que, sozinha, a boa aparência não compensa a falta de conhecimentos e competências no mercado de trabalho, mas se vestir e se portar de acordo com a cultura da empresa conta pontos ao profissional no processo seletivo e no dia a dia do trabalho.
Apesar do clima variar de acordo com a região, o profissional também precisa entender que a “boa aparência”, no que refere-se à vestimenta e ao comportamento, varia em cada empresa. Em uma empresa mais conservadora, por exemplo, o uso de roupas sociais pode ser mais indicado, já em uma empresa mais moderna, jeans e camisa são mais comuns.
Neste caso, afirma, o importante é avaliar a cultura da empresa e buscar referências para não destoar do ambiente.
— Muito mais do que uma “moda”, [o modo de se vestir] dependerá da cultura da empresa e da negociação trabalhador – empresa.
Comentários