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Segunda - 03 de Fevereiro de 2014 às 20:38

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O Edifício Master, cenário e título do documentário de 2002 dirigido pelo cineasta Eduardo Coutinho, morto a facadas neste domingo (2) pelo próprio filho, amanheceu sob um clima de muita tristeza e saudade nesta segunda-feira (3). Moradores desde a época da filmagem lamentavam a notícia da morte e opinião unânime era de que o documentarista, muito querido no condomínio, não merecia essa tragédia.

Maria do Céu, de 76 anos, moradora do do prédio há 43 anos, contou que não teve coragem de ir ao velório, tamanha a emoção. Ela foi a segunda entrevistada pelo cineasta no documentário e se recorda disso com muito orgulho.

'Amava viver', diz moradora

"Eu tenho problema de pressão. [A morte dele] Foi muito comovente para mim. Não quero ver ele morto, quando penso que eu brincava muito com ele, menina, eu não aguento de tanto chorar. Ele me dizia que amava viver. Ele era lindo, eu brincava com ele se ele era casado, ele me dizia que sim e eu dizia 'que pena', ele era muito bom amigo. Nos deixava à vontade, na hora de gravar ele fazia brincadeiras", recordou com lágrimas nos olhos.

No prédio localizado na Rua Domingos Ferreira, em Copacabana, Zona Sul do Rio, há 12 andares e 276 apartamentos, e cerca de 500 moradores. No documentário, 37 contam suas histórias de felicidade, tristeza, desilusão, esperança e amor. E o sentimento dos moradores é de gratidão a Eduardo Coutinho.

"Ele gostava que eu falava bobagens. Não sei como uma coisa dessas pode acontecer. O prédio melhorou muito depois que ele veio aqui filmar. Eu cheguei até a cortar o cabelo porque eu não podia andar na rua que as pessoas me reconheciam [depois de gravar o filme Edifício Master]. Ele gostava muito de conversar. Eu gostava muito dele, era uma pessoa muito feliz", continuou Maria do Céu, que soube da notícia na manhã desta segunda.

Ele conseguia tirar as coisas das pessoas que as pessoas nem percebiam"

Sérgio, síndico

Novo filme

Maria do Céu contou ainda que Coutinho a havia procurado para falar sobre um novo filme. "Ele disse que queria mostrar como era antes e como era depois", disse. O síndico Sérgio Cazes também afirmou que a equipe do cineasta procurou os antigos moradores para uma nova filmagem no edifício.

A frente do edifício há 17 anos, Cazes também se recorda com alegria dos dias de filmagens com Coutinho. Ele contou que o cineasta chegou a alugar um apartamento no prédio por seis dias para a realização do filme e que ficou muito feliz de ver a melhora do prédio que o próprio diretor morou anos antes.

'Espírito de luz', lembra síndico

"Ele já chegou filmando. Ele era um ser humano maravilhoso, um doce de pessoa, muito educado, grandioso. Ele conseguia tirar as coisas das pessoas que as pessoas nem percebiam, de tão à vontade que eles deixavam as pessoas. Ele tinha um lado psicológico muito aguçado. Quando soube da morte, fiquei sem palavras. Pra mim ele era um espírito de luz", declarou emocionado.

A gente sempre se sentiu como se ele fosse um parente. Ele vai fazer muita falta"

Adenize, moradora

A moradora Lucia Regina Bellas da Silva, de 52 anos, conta que se mudou para o edifício com dias apenas e lembra que Coutinho era muito divertido durante as gravações. "Era muito brincalhão, divertido, me deixou muito à vontade. Ele sentou no meu sofá e me contou como seria a gravação. É uma pena que isso tenha acontecido com ele. Temos mais é que rezar.”

Para Adenize de Jesus Santos, 65 anos, vendedora de flores e moradora do prédio desde 1980, Coutinho era como um irmão, tamanho carinho que o cineasta tratava os entrevistados.

"Quando soube ontem [domingo] à noite, não sabia o que fazer. Ele não merecia isso. Ele era como um filho, um irmão. Porque pensar em uma pessoa tão maravilhosa como o Coutinho é como pensar em um irmão. Ele era muito bondoso. A gente sempre se sentiu como se ele fosse um parente. Ele vai fazer muita falta", afirmou Adenize.






Fonte: DO G1

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