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Internacional
Sexta - 31 de Janeiro de 2014 às 17:37

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Um dos ativistas líderes da oposição popular na Ucrânia - e que ficou desaparecido durante oito dias - alega ter sido sequestrado, torturado, 'crucificado' e abandonado à própria sorte no frio do inverno.

Dmytro Bulatov, que organizou protestos de rua na capital, Kiev, está hospitalizado após ter sido encontrado nos arredores da capital ucraniana.

Ele diz ter sido repetidamente espancado e pendurado pelos pulsos por aqueles que o capturaram.

'Eles me crucificaram, tenho buracos nas minhas mãos', afirmou o ativista. 'Também cortaram minha orelha, fizeram cortes no meu rosto. Meu corpo está destroçado. (Mas) estou vivo. Graças a Deus.'

Anistia

As afirmações de Bulatov foram feitas no momento em que o país enfrenta há semanas uma onda de protestos de oposicionistas, contrários à decisão do governo de não seguir um caminho que levaria a uma maior integração com a União Europeia (UE).

As manifestações começaram em novembro, quando o presidente, Viktor Yanukovich, decidiu não assinar um acordo de cooperação com a UE, em favor de uma aproximação econômica com a Rússia.

Os protestos se tornaram violentos neste mês na capital, quando o governo adotou novas leis com o objetivo de frear as manifestações. Desde então, três manifestantes e três policiais foram mortos, e centenas de pessoas ficaram feridas dos dois lados do conflito.

A intensidade das manifestações reflete características próprias da Ucrânia, onde boa parte do território ao leste é habitado por pessoas que falam russo e têm forte ligação com a Rússia, enquanto que no oeste predominam pessoas que falam ucraniano e teriam maior simpatia pela integração com o bloco europeu.

Yanukovich assinou uma lei de anistia a manifestantes detidos - vista como uma concessão à oposição - sob a condição de que os manifestantes abandonem edifícios ocupados durante os protestos.

Por sua vez, o exército instou o presidente a tomar 'medidas urgentes' para aliviar a crise.

Ferimentos

Bulatov afirmou que não sabe quem são seus captores - apenas que eles falavam com sotaque russo.

Segundo o site noticioso ucraniano Gazeta.ua, exames médicos não identificaram danos aos órgãos internos de Bulatov.

A polícia de Kiev confirma que ele foi ferido e teve um corte em uma das orelhas, diz o jornal local 'Ukrainskaya Pravda'.

Uma investigação foi aberta, e guardas protegem a entrada do hospital onde ele é tratado.

Bulatov é um proeminente ativista antigoverno e um dos líderes do movimento AutoMaidan, que tem patrulhado as ruas ao redor da Praça da Independência, em Kiev.

A ONG Anistia Internacional descreveu o caso de Bulatov como 'um ato bárbaro que deve ser investigado imediatamente'.

O caso tem causado forte repercussão na Ucrânia. Um jornalista local, Vitaly Portnikov, chegou a sugerir que 'esquadrões da morte' estão agindo no país.

Crise política

O governo acusou a oposição de tentar 'inflamar' a situação, por ter mantido os protestos na última quinta-feira apesar da assinatura da anistia e da oferta de cargos governamentais a membros da oposição.

Esta acusa as forças de segurança de estar por trás de sequestros e de repressão violenta aos protestos.

A Praça da Independência permanece ocupada por manifestantes antigoverno, e não há sinais de que a crise política esteja perto do fim.

No momento, o presidente Yanukovych, está em licença médica. Segundo sua equipe, ele sofre de febre alta e males respiratórios.

Ao mesmo tempo, um comunicado do Ministério da Defesa afirmou que 'a intensificação dos conflitos ameaça a integridade territorial do Estado'.

'Os militares e as forças armadas da Ucrânia consideram inaceitável a violenta tomada de instituições estatais', diz o texto.

Até o momento, os militares não foram empregados na contenção dos protestos em Kiev, onde edifícios públicos foram tomados por manifestantes.

Em resposta ao comunicado da Defesa, o secretário-geral da Otan (aliança militar ocidental), Anders Fogh Rasmussen, disse pelo Twitter que 'o Exército ucraniano e altamente respeitável e deve permanecer neutro'.






Fonte: BBC

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