A quebra dos sigilos telefônicos da pediatra Sarita Fernandes Pereira e do falso médico Alex Sandro da Cunha revelou que o rapaz ligou para a coordenadora de Pediatria do Hospital Rio Mar, na Barra da Tijuca, às 22h do dia 19, enquanto atendia a menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, 5 anos, que estava com crises convulsivas. Pelo telefone, Sarita deu orientações ao universitário durante um minuto. Em seguida, ele aplicou medicamento anticonvulsivo na menina e a liberou, desacordada.
Sarita, que está presa, negou ter qualquer relação com Alex. Até o fim da semana, os dois serão indiciados por falsidade ideológica e material, exercício ilegal da Medicina e tráfico de drogas.
Mesmo sabendo que Alex ainda cursava o 5º período de Medicina, Sarita contratou o estudante para se passar como médico e fazer plantões por ela. Do RioMar, ela recebia de R$ 9 mil a R$ 15 mil por mês, repassando R$ 750 ao universitário. As notas fiscais do hospital e a relação de ligações telefônicas entre os dois nos últimos três meses constam no relatório da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav). O estudante está foragido.
Joana morreu na sexta-feira depois de 26 dias em coma. Além de investigar os médicos, o delegado Luiz Henrique Marques apura, em outro inquérito, se a menina foi vítima de maus-tratos do pai e da madrasta, com quem estava quando foi internada. O laudo do IML ficará pronto em 40 dias.
"Há suspeita de meningite não diagnosticada. A menina tinha grande ferida nas nádegas, parecendo queimadura", explicou o delegado, decidido a ouvir o pai - que havia obtido a guarda provisória da menina na Justiça -, a madrasta e a mãe de Joanna.
Entenda o caso
Joanna morreu no início da tarde de sexta-feira no Hospital Amiu, em Botafogo, na zona sul, onde estava internada em coma desde o dia 19 de julho. Segundo o hospital, a menina sofreu uma parada cardíaca.
A menina foi internada no CTI do hospital da zona sul com um edema cerebral, hematomas nas pernas e sinais de queimaduras nas nádegas e no tórax, segundo parentes. A suspeita era que ela teria sido espancada e torturada pelo pai. O caso foi levado para a Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav).
Na investigação, a polícia descobriu que a menina havia sido atendida em outro hospital, o Rio Mar, na zona oeste, onde um falso médico teria dado alta a ela quando ainda estava desacordada. Ele foi identificado como um estudante do 5º período de Medicina.
Em depoimento, o estudante afirmou que havia sido contratado por Sarita Pereira, que teria uma clínica que prestava serviços ao Rio Mar. Ainda segundo a polícia, Souza afirmou que a mulher forneceu a documentação e o carimbo com nome e a inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM) de um médico para que ele usasse nos atendimentos.
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