Marina desconversa sobre possível flexibilização na CLT
Os presidenciáveis Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB) falaram na noite desta quarta-feira (18), por pouco mais de meia hora cada um, para o auditório do 36° Congresso Nacional Sobre Gestão de Pessoas, organizado pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e pela Confederação Nacional de Recursos Humanos (CONARH).
O único ponto abordado que fugiu daquilo que os candidatos vêm repetindo desde o início da campanha foi a respeito dos planos deles acerca da legislação trabalhista. Marina defendeu uma reforma sindical para diminuir os "inúmeros conflitos trabalhistas que temos".
Ao final do evento, falando com a imprensa, Marina foi questionada se defendia a flexibilização da CLT e explicou seu ponto de vista: "não temos que ficar falando em flexibilizações. Temos que atualizar as questões, os interesses trabalhistas do Brasil à luz dos desafios que temos. Hoje temos graves problemas com a informalidade, com a previdência. Se ficarmos fazendo essa discussão pontual não chegaremos a lugar nenhum".
Serra disse em sua resposta inicial que é necessário estimular a relação sindicato-empresa para que se tenha um tipo de negociação mais direta para resolver possíveis celeumas. Serra deixou o palco por uma saída lateral e não falou com a imprensa.
Cada candidato responderia inicialmente a sete questões, mas somente seis foram feitas. Os temas não fugiram da especialização da maior parte de plateia: gestão de pessoas, reforma tributária, flexibilização de leis trabalhistas, além das clássicas "como é o seu perfil de liderança" e "qual seu maior talento", típicas de exames admissionais.
Serra disse que seu maior talento é ter uma cara só. "Posso estar falando aqui, posso estar falando na Febraban, posso estar falando para sindicatos, seja aonde for, tenho uma cara. Isso às vezes em política é uma desvantagem, mas é meu jeito de ser". Já a candidata do PV respondeu que seu maior talento é aprender, "no mundo das letras e no mundo do saber narrativo".
Na sequência, ainda na esfera do aprender, Serra tentou citar Guimarães Rosa. E errou. "Mestre não é aquele que ensina. É aquele que vive aprendendo e de vez em quando fala alguma coisa", disse o tucano.
A frase do escritor mineiro é: "mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende".
Marina conseguiu animar mais a plateia que o tucano, especialmente quando fez uma defesa apaixonada do papel da mulher na liderança do século XXI. Um modelo feminino. "As mulheres tem mais capacidade de negociação, mais poder de convencimento... elas preferem convencer do que ganhar pela força".
Assistiram ao encontro dos candidatos cerca de mil pessoas, que não preenchiam nem metade do auditório.
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