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Domingo - 22 de Agosto de 2010 às 14:09

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“Água aqui só quando chove. Como faz tempo que não tem chuva, ou você compra ou fica sem”. Embora em tom de brincadeira, o comentário feito pelo vigia Aparecido Braga, 49 anos, revela o drama que os moradores do bairro São Mateus, periferia de Várzea Grande, enfrentam com a falta do líquido, principalmente neste período de seca.

Retrata também o cenário enfrentado por famílias de 40% dos bairros que são abastecimentos por poços artesianos. Isso significa que a universalização da distribuição do produto no segundo maior município mato-grossense ainda é um sonho para boa parte dos seus 250 mil habitantes.

Em apenas uma parte ou em toda a área de abrangência, localidades como Parque do Lago, Maringá, Manga, Vista Alegre, Santa Maria, Construmat e Parque Paiaguás também sofrem com a escassez da água. “A gente faz cota e paga R$ 20 por caminhão-pipa com mil litros de água”, disse Braga. “O pouco que tem, a gente economiza o que pode para que dure o máximo possível”, acrescentou.

Secretária da Escola Municipal Júlio Corrêa, Cintia Paulo Vieira informa que na unidade não falta água. Porém, isso só é possível por que a administração municipal envia uma vez por semana um caminhão-pipa para encher as caixas d’água. “Todas as terças-feiras a prefeitura envia o caminhão. É suficiente. Mas, água direto da rede (de abastecimento) não tem”, afirmou.

Assim como no São Mateus, a maioria das famílias do Parque Paiaguás tem no quintal um poço artesiano. Mas, a exemplo dos reservatórios mantidos pelo poder público, estão com a vazão baixa. Na residência da dona-de-casa Patrícia Miguelina de Oliveira, 30 anos, o pouco do líquido que é retirado da cisterna sai puro barro. “A água do poço só uso para limpar a casa. Para beber ou cozinhar a gente compra. Ontem (terça-feira), paguei R$ 15 para um caminhão-pipa”, comentou.

Patrícia de Oliveira conta que a aquisição do produto vem sendo feita há pelo menos dois meses. No bairro, segundo ela, a rede de abastecimento chegou há oito meses, mas falta ser feita a ligação direta às residências. “Tempos atrás houve uma reunião em que a prefeitura disse que iria instalar os cavaletes ainda neste ano. Mas, agora, disseram que só em 2011”, destacou.

No bairro Santa Maria os moradores também padecem. “A nossa situação é muito difícil. Quando chove o bairro fica todo inundado e quando é seca, a água vira artigo de luxo, vale ouro”, relatou o lavrador Orencio Leopoldo dos Santos, morador da rua Livino Urbano.

Orencio dos Santos afirma que é comum a comunidade ficar semanas sem receber o produto nas residências. “A gente fica até 15 dias sem água e para piorar tem o problema da poeira”, lamentou.

Do outro lado da cidade, no Parque do Lago e no Maringá I, II e III famílias enfrentam dificuldades semelhantes. Em várias ruas, o fornecimento só é feito à noite ou no início da manhã. “A água vem dia sim, dia não, e muito fraca. Precisa melhorar muito”, cobrou Shirley Rodrigues Marçal, proprietária de um mercado no Maringá III.

Já quem mora em bairros grilados, como o “Dom Diego”, localizado ao lado do Parque São João, recorre à ligação clandestina. “Moro aqui há três anos e sempre foi assim. A gente não vive sem água”, falou Maria Aparecida Melo, 64 anos.






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