Advogado: acusado de furto do Enem saiu com prova sem saber
De acordo com Marco Aurélio, ao encerrar o expediente na gráfica, Marcelo pegou sua blusa que estava guardada num espaço onde ficavam os pertences dos funcionários e foi para o carro de um colega com quem pegava carona. "Só então ele percebeu que estava com um exemplar da prova. Assustado, preferiu não devolver o teste acreditando que seria acusado de furto. Após comentar com os colegas sobre o fato, a prova sumiu. Mas Marcelo deduziu quem poderia ter pegado o teste".
O advogado ressaltou ainda que a declaração de seu cliente noticiada na mídia de que a segurança da gráfica era muito fraca é uma opinião pessoal dele e que isso não será usado como estratégia de defesa.
A primeira audiência sobre o caso na Justiça Federal Criminal aconteceu no último dia 18. As próximas ocorrem nos dias 02,22 e 23 de setembro. Marcelo Sena Freitas será interrogado no segundo dia.
O advogado não quis adiantar suas expectativas e estratégias em relação ao caso, mas, de acordo com ele, houve contradição nos depoimentos das testemunhas que afirmam que Marcelo teria pegado a prova. "Além disso, as imagens comprovam que não foi ele quem fez isso", diz.
Os outros quatro acusados pelo Ministério Público Federal pelo envolvimento no vazamento da prova são Felipe Pradella e Filipe Ribeiro Barbosa, funcionários da gráfica na época, acusados de corrupção passiva e violação de sigilo funcional. Além de Gregory Camilo Oliveira Craid e Luciano Rodrigues, considerados cúmplices por terem facilitado o contato com jornalistas para a venda da prova.
O principal suspeito pelo furto da prova, Felipe Pradella, afirmou à época ao programa Fantástico, da Rede Globo, que agiu de "boa fé" e que sua intenção era apenas denunciar a fragilidade da segurança do sistema. Mas segundo a Polícia Federal, ele teria, na realidade, percebido as falhas e optado por ganhar "dinheiro fácil".
A PF afirmou ainda que era Pradella quem aparecia nas imagens da câmera de vigilância da gráfica, pegando um dos testes. Mas ele negou a acusação e disse ter contado com a ajuda de Sena para sair do local com a prova.
Relatório apresentado pela Polícia apontou que a subtração das provas da gráfica aconteceu em dois dias. No dia 21 de setembro, Felipe Ribeiro teria saído com o caderno 1 na cueca. No dia seguinte, Marcelo Sena teria escondido o caderno 2 no casaco para sair da sede da gráfica.
Os acusados estão respondendo aos processos em liberdade porque não houve flagrante. O crime de peculato tem pena de 2 a 12 anos de prisão. O de quebra de sigilo, de 2 a 5 anos e o de extorsão, de 4 a 10 anos.
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