Anestesia em crianças não é um bicho de sete cabeças
Atravessar uma cirurgia, e junto dela o processo anestésico, já é algo preocupante para os adultos. Quando a situação envolve crianças, o assunto é ainda mais delicado. Além dos procedimentos de costume, existem outros fatores, como o medo da criança, a frieza do ambiente hospitalar e a preocupação redobrada dos pais.
Pensando nisso, hospitais têm adotado técnicas voltadas para atendimentos mais humanizados e ambientes coloridos e personalizados, de maneira que conquistem a confiança e possam contar com a colaboração das crianças.
Ao contrário do que muitos pensam, a anestesia dada em crianças não difere da dos adultos apenas nas doses, explica o dr. Oscar César Pires, diretor de Defesa Profissional da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP) e professor de Anestesiologia e Farmacologia da Universidade de Taubaté (UNITAU), “o tratamento anestésico é realizado de acordo com estudos científicos voltados especialmente para esta classe de pacientes e não para um adulto em doses menores. Há casos, inclusive, que os fármacos devem ser empregados em doses proporcionalmente muito superiores às utilizadas nos adultos”.
Os tipos de anestesias aplicados nas crianças são, praticamente, os mesmos empregados em adultos, porém devido a uma maior dificuldade ocasionada pela pouca idade e pela inquietação que o momento proporciona, geralmente é usada a sedação profunda ou até mesmo a anestesia geral. Por isso, as técnicas realizadas para o público infantil nos centros cirúrgicos são tão importantes para evitar alterações no comportamento e contar com a colaboração na hora da anestesia.
O procedimento anestésico pediátrico, assim como nos adultos, se baseia nas condições psicológicas e físicas do paciente, no procedimento cirúrgico e em pesquisas científicas já publicadas para aquela faixa etária. Por isso, as informações colhidas durante a consulta pré-anestésica são de extrema importância para evitar uma possível intercorrência, ressalta o dr. Oscar.
Esta consulta ganha destaque na pediatria e depende muito dos pais e do pediatra. “É fundamental que sejam levadas as informações necessárias ao médico anestesiologista, tais como história prévia de doenças, tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos já realizados e alergias”.
Cabe também aos pais transmitir confiança e tranquilidade ao pequeno paciente. Para isso, diversos estabelecimentos já contam com apoio psicológico. Em alguns casos, inclusive, o acompanhamento ao centro cirúrgico é permitido, sempre que verificado o nível de ansiedade dos pais. Da mesma forma, no pós-cirúrgico, a presença dos pais muito auxilia na recuperação.
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