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Ciência
Segunda - 30 de Agosto de 2010 às 07:39

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Uma pesquisa feita em cinco capitais brasileiras revela que 52% das mães acreditam que os filhos correm mais risco de sofrer um acidente nas ruas. Mas a verdade é outra: a casa é mais perigosa para crianças e adolescentes de até 14 anos.

Kathleen Cornélio estava dormindo, quando o seu brinco saiu. No entanto, a tarraxa entrou no seu ouvido. Quando a menina tentou retirá-la, o objeto entrou por completo. A tarraxa do brinco foi rapidamente retirada num hospital público do Rio. Mas nem sempre os casos são tão simples assim.

“Quando o corpo estranho vai pra via aérea ou, quer dizer, para o pulmão da criança, esse objeto pode obstruir a passagem de ar. Se essa obstrução for muito intensa, pode levar a criança à morte em torno de 15 minutos”, explica Walter Sedlacek Machado, médico do Hospital Souza Aguiar,

“Nós vemos acontecer com os outros, nunca pensamos que vai acontecer conosco, mas, acontece”, lamenta a mãe de Kathleen, Vanessa Cornélio.

Quando o assunto é acidente, as pessoas acham que os filhos pequenos estão mais seguros dentro ou fora de casa?

”Em casa”, respondem os pais.

Ao ser perguntada se acha que as crianças estão livres dos acidentes dentro de casa, uma mãe diz que não, mas que acha que dentro de casa as crianças estão mais seguras do que ficando na rua.

Uma pesquisa feita em cinco capitais brasileiras revela que 52% das mães pensam assim: Elas acreditam que os filhos correm mais risco de sofrer um acidente nas ruas. Mas a verdade é outra: a casa é mais perigosa para crianças e adolescentes de até 14 anos.

Os números mais recentes do ministério da saúde mostram que em 2007 o Brasil teve mais de 136 mil internações de pacientes nessa faixa etária.

As principais causas são: quedas, atropelamentos, queimaduras, intoxicações, acidentes com armas de fogo, e sufocações. Os atropelamentos não são acidentes domésticos. E os outros acontecem com muito mais frequência dentro de casa.

“Ele tropeçou. Quando ele tropeçou, ele voou, e bateu com a cabeça na quina da escada e abriu a testa. Três pontos. Meu marido ficou sem saber o que fazer, ficou com muita raiva, porque ele tava aqui e não pôde evitar o acidente”, relata a mãe do menino Victor, Renata Longo.

A coordenadora da ONG Criança Segura, instituição responsável pela pesquisa, acha que boa parte dos acidentes domésticos pode ser evitada. Essas são algumas dicas.

“As crianças, quando veem a tomada, principalmente as crianças pequenas, elas veem olhinhos, querem colocar tudo dentro dos orifícios. Então pra proteger a gente pode colocar protetor mesmo, esses que a gente compra em loja, pode colocar fita crepe, pra esconder”, indica Alessandra Françóia.

“No balde, em dois centímetros e meio de água, dois dedos já são suficiente pra criança se afogar. A nossa recomendação: quando for preciso deixar alguma coisa de molho, pode deixar no alto. Aí você põe a roupa de molho, e quando não utilizar mais, é melhor jogar fora e virar de cabeça pra baixo”, recomenda a coordenadora da instituição.

Segundo Alessandra, outra dica importante é deixar sempre os medicamentos longe do alcance das crianças: “Elas podem confundir que aquilo é balinha, ou podem dar pro irmão, porque sabem que é uma forma de sarar”, diz a coordenadora.

Em uma mesa a toalha pode ser um risco pra criança. “Porque ela chega aqui e pode puxar a toalha, e tudo que tiver em cima da mesa pode cair sobre ela, como líquidos quentes, alimentos quentes, café, sopa, chá”, completa a coordenadora.

Muitos pais nem sempre se dão conta, mas a cozinha é a parte da casa onde, geralmente, acontecem os acidentes mais graves. Proibir a entrada das crianças é difícil, por isso, quando elas ficam mais crescidinhas é preciso alertá-las. Em uma escola, a cozinha também vira sala de aula. Nela os pequenos desenvolvem noção do que é perigoso. Depois, na sala de aula, as crianças repassam as lições.

"Eu tenho que falar pra minha mãe se eu quiser pegar uma coisa na prateleira alta”, lembra um menino. "Não pode a menina tocar no fogo", diz uma menina. "Não pode botar grãozinho no nariz” e “não pode pôr o dedo na tomada, senão toma choque feio", contam outras duas meninas.

“Crianças são curiosas, elas não reconhecem o perigo, não sabem se livrar dos riscos, elas colocam tudo na boca, e isso tudo faz parte do desenvolvimento delas. O que é importante é o adulto adaptar esse ambiente pra criança se desenvolver de forma saudável, e também observar constantemente pra poder dar essa orientação e também evitar que o acidente aconteça na hora do risco”, conclui Alessandra Françóia, coordenadora da ONG Criança Segura.

 




Fonte: Do G1

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