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Economia
Quinta - 02 de Setembro de 2010 às 09:20

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A valorização do extrativismo é estratégica para Mato Grosso, pois além de gerar renda para agricultura familiar, comunidades tradicionais e indígenas, ajuda a criar uma barreira de contenção do desmatamento ao manter a floresta em pé. Essa é a opinião de Hetel dos Santos, analista técnica do Departamento de Extrativismo do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Hetel esteve em Cuiabá representando a coordenação do Plano Nacional da Sociobiodiversidade no Seminário Castanha-do-Brasil na Amazônia Mato-grossense: Políticas Públicas para a Produção Sustentável, que encerrou nessa quarta-feira, 1° de setembro.

“Desde o lançamento do Plano Nacional da Sociobiodiversidade o Estado tem demonstrado interesse em desenvolver o extrativismo e o seminário da castanha consolidou isso”, analisa. “Tivemos representantes de todas as regiões de Mato Grosso e a participação de todos os segmentos da cadeia produtiva da castanha-do-Brasil, demonstrando uma boa articulação e propostas bastante realistas”, complementa a representante do MMA.

Para Hetel, é importante que se incentive a exploração sustentável dos produtos extrativistas que ainda tem muito espaço para crescer. “Mato Grosso é um Estado riquíssimo em biodiversidade e possui três biomas. Fortalecendo a cadeia produtiva da castanha, outros produtos como o cumbaru e o pequi também se fortalecem”, acrescenta.

A gerente da cadeia produtiva da Sociobiodiversidade do MT Regional, Sanny Costa Saggin, acrescenta que o seminário da castanha mostrou o potencial que o extrativismo tem. “Os dados apresentados sobre a produção e os atores envolvidos com toda a cadeia produtiva já surpreendeu apesar de sabermos que ainda há muito o que ser mapeado ainda”, avalia. Dados oficiais da produção da castanha-do-Brasil no Estado apontam que em 2008 foram produzidas 1.430 toneladas envolvendo mais de 700 famílias na produção. No entanto, como o extrativismo é uma atividade ainda muito informal, o cenário real pode ser bem superior.

Para se ter uma ideia, estima-se que em Itaúba (600 km ao Norte de Cuiabá), cerca de 300 famílias estejam envolvidas com a produção de castanha, atividade que a prefeitura local fortalece e pretende transformar o município em referência na extração do produto. Por isso investe na capacitação dos coletores e uma agroindústria para atender as associações do município deve ser instalada em breve. “Temos um caminho inteiro a percorrer, mas o nosso objetivo é que a nossa castanha seja certificada para alcançar mercados de outros estados e para exportação”, acredita Rosana Rebussi, vice-prefeita de Itaúba. Atualmente a comercialização da castanha é informal. De acordo com a vice-prefeita, 60% da produção é vendida a atravessadores e o restante é vendida diretamente pelos coletores em barracas a beira de rodovias.

Já a Associação do povo indígena Rikbaktsa (ASIRIK), no Noroeste de Mato Grosso é apontada como a melhor castanha produzida no Estado e é vendida para empresas, cooperativas e para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Parte desse resultado é do próprio conhecimento indígena em manejar a castanha e parte é do trabalho dos coordenadores da castanha que ensinam as boas práticas de coleta e armazenamento”, explica Flávio Ododo, que faz parte da associação.

Os índios Rikbaktsa, que produzem cerca de 60 toneladas de castanha por safra, são um dos grupos apoiados pelo projeto “Conservação da Biodiversidade e Uso Sustentável das Florestas do Noroeste de Mato Grosso”, executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). “Trabalhar com a castanha nos deixa feliz porque nós não nos envolvemos nem com madeira nem com garimpo. Mas precisamos de mais parcerias para melhorar a produção de outros produtos como o látex e o artesanato, que é riquíssimo”, finaliza.





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