Crescimento do Brasil desacelera, mas ainda supera países ricos
O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no segundo trimestre, de 1,2% na comparação com os três meses imediatamente anteriores, ficou acima do registrado na maioria dos países desenvolvidos.
Contra o primeiro trimestre de 2009, o PIB brasileiro registrou alta de 8,8% e, no primeiro semestre, de 8,9% --a maior alta para o período em 14 anos. O ano de 2009 registrou queda de 0,2% no PIB.
Depois de um início de ano muito aquecido, com a economia se expandindo a uma taxa de 2,7% no primeiro trimestre, ante o quarto trimestre de 2009, o ritmo de crescimento no Brasil arrefeceu um pouco, mas ainda ficou acima do esperado pelo governo. Na segunda-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia previsto que o PIB cresceria entre 0,5% e 1% entre abril e junho.
Nos Estados Unidos --onde os problemas com as hipotecas "subprime" (de alto risco) se tornaram o cerne da crise financeira--, a economia registrou alta de 0,4% no segundo trimestre (o último dado divulgado aponta para expansão anualizada de 1,6%). No primeiro trimestre, o crescimento havia sido de 0,9%.
A desaceleração no ritmo de expansão dos Estados Unidos levantou os temores de que a tendência de retomada da economia no país pode ser revertida. Dados mostram que o setor privado está receoso em contratar novos funcionários, por conta das incertezas sobre a força dos negócios nos próximos meses. Isso tem feito com que as pessoas se preocupem com a manutenção de seus empregos e gastem menos. Mas até que o consumo das famílias se eleve, o desemprego pode continuar alto.
Em 2009, o PIB do país registrou retração de 2,4%.
No Japão, que perdeu neste trimestre o posto de segunda maior economia do mundo para a China, a expansão também arrefeceu, e a expansão foi de apenas 0,1% no segundo trimestre, na comparação com o primeiro. No trimestre anterior, a economia havia crescido 1,2%.
Preocupado com a fraca recuperação do país, o Banco Central japonês expandiu seu programa de empréstimos baratos, atendendo os pedidos do governo para agir contra a alta do iene e deixando a porta aberta para mais afrouxamento monetário.
O iene saltou mais de 1% ante o dólar após o anúncio do banco, que investidores classificaram como um gesto simbólico que pouco fará para conter a valorização da moeda.
O mercado ficou desapontado com o fato de o BC não ter adotados medidas mais agressivas, como aumentar a compra de bônus do governo japonês ou reduzir a taxa de juro de 0,1% para zero.
No caso da União Europeia, que dá sinais de recuperação após os novos problemas enfrentados graças ao alto endividamento público de alguns de seus países-membros, a expansão foi melhor que a registrada no primeiro trimestre. O grupo de 27 países registrou elevação de 1% no PIB entre abril e junho, mesma variação registrada na zona do euro (grupo de 16 países do bloco que usam o euro como moeda única). Nos três primeiros meses do ano, a variação (nas duas regiões) havia sido de 0,3%.
Entre os países do bloco, a Alemanha registrou a maior variação positiva no período, de 2,2% ante o primeiro trimestre --a maior taxa de crescimento desde a reunificação do país. Reino Unido (1,2%), França (0,6%) e Itália (0,4%) vêm em seguida.
A exceção ficou por conta da Grécia, que passa por uma crise fiscal e recebeu ajuda financeira da UE e do FMI (Fundo Monetário Internacional) para conter seus deficit, cujo PIB registrou queda de 1,5% no trimestre.
A China, que não divulga o crescimento frente ao trimestre imediatamente anterior, registrou expansão vigorosa, de 10,3%, ante o mesmo período do ano passado. O número, porém, representou desaceleração contra a variação do primeiro trimestre (11,9%). Completando os Brics (grupo dos principais emergentes), a Rússia teve crescimento de 5,2% na comparação anual, enquanto o PIB da Índia subiu 8,8% na mesma base.
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