Incêndio consome vegetação desde o domingo. ICMBio estuda fechar acesso
Incêndio destroi vegetação nas chachoeiras de Chapada

O fogo segue queimando sem controle a vegetação do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães desde o último domingo. Os incêndios estão concentrados entre o circuito das cachoeiras – que abriga sete quedas d’água - e o Morro de São Jerônimo, área correspondente a apenas 2% do total do parque, porém, é a que recebe o maior fluxo de turistas. Imagens de todos os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) dão a dimensão da destruição. Do feriado da Independência até a tarde de ontem, os satélites do Instituto apontaram a incidência de 50 focos de calor tanto na área interna como na externa do parque.

Como a frente de fogo é extensa, os 35 brigadistas alocados para proteção e combate a incêndios no parque não estão conseguindo conter o fogo. Segundo informações do Instituto Chico Mendes – órgão responsável pelo parque -, três deles tiveram que deixar os combates devido a problemas relacionados com intoxicação pela fumaça, ferimentos na perna e tonturas. Eles foram encaminhados para o Hospital Municipal da cidade de Chapada dos Guimarães e passam bem.

A boa notícia é que 14 brigadistas de Rondônia estão sendo aguardados em Mato Grosso. A decisão está centralizada em Brasília e, caso o efetivo extra de brigadistas não seja suficiente, outros profissionais de outras reservas poderão se deslocar para a área atingida do parque mato-grossense.

Em entrevista ao Diário, a analista ambiental Priscilla Amaral informou que é forte a suspeita de que o fogo tenha iniciado no Assentamento Rural de São Jerônimo – localizado na região sul do parque. Lá, vivem 20 famílias. “Esse incêndio não pode ter sido causado naturalmente porque não choveu, não teve raios. A causa é humana”, salienta.

O Véu de Noiva – local que chega a receber nos finais de semana e dias de feriado uma média de mil turistas - também está prejudicado pelo fogo. Se a fumaça e as frente de fogo não forem contidas, o ICMBibo prevê o fechamento do parque nesta quinta-feira. Até ontem, o fogo já atingia vários pontos de forma descontrolada em regiões de difícil acesso devido às morrarias. Uma aeronave de combate a incêndios do Estado seguirá para o parque apenas nesta sexta-feira porque atua em outras ocorrências no interior de Mato Grosso.

Quem estiver de passagem pela rodovia Emanuel Pinheiro MT-235, que passa dentro do parque, deve redobrar a atenção nas proximidades da estância Buriti e do Véu de Noiva, locais em que a fumaça se avoluma e torna a visibilidade na pista muito deficiente. A recomendação é que os motoristas deixem os faróis ligados e reduzam a velocidade do veículo nesses pontos.

ÚLTIMA QUEIMADA - Sem mal terminar os combates que foram registrados no mês passado, quando se perderam em 10 dias nove mil hectares de vegetação, o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães vivencia mais um drama. Grande parte dos incêndios se inicia no entorno do parque onde é forte a presença de chacareiros facilitada pela presença da rodovia. Estima-se que do rio Mutuca até a Salgadeira existam 30 chácaras.