Após 13 meses, Irã confirma libertação de americana acusada de espionagem
O enviado do Irã na ONU, Bak Sahraei, confirmou nesta quinta-feira em um e-mail que seu país irá libertar a americana Sarah Shourd no próximo sábado (11). Segundo o governo iraniano, a libertação seria um "ato de clemência" para marcar o fim do Ramadã [mês sagrado muçulmano].
Anteriormente, o Ministério de Cultura do Irã já havia anunciado que um dos três alpinistas americanos presos há mais de um ano no país seria libertado.
Os americanos Shane Michael Bauer, 27, Joshua Felix, 27, e Sarah Emily Shourd, 31, foram detidos no dia 31 de julho do ano passado após atravessar ilegalmente a fronteira entre Iraque e Irã.
Eles são acusados de espionagem pelas autoridades iranianas e foram mantidos presos apesar de forte pressão do governo americano. Os detidos, assim como suas famílias, asseguram que eles são apenas turistas que se perderam durante uma excursão e entraram por erro no Irã.
O ministério enviou uma mensagem via SMS aos repórteres para que fossem ao Hotel Esteqlal, às 9h do próximo sábado, para testemunhar a libertação em homenagem ao Eid al-Fitr, feriado que marca o fim do mês sagrado do Ramadã. É comum no mundo islâmico que esta data seja marcada com demonstrações de clemência e libertação de prisioneiros.
O hotel fica perto da prisão Evin e foi onde as mães dos americanos puderam encontrá-los em maio passado, em uma visita amplamente divulgada pela imprensa.
O ministro de Inteligência do Irã, Haidar Moslehi, disse no mês passado que há provas de que os três americanos têm vínculos com os serviços de inteligência dos Estados Unidos. Ele disse ainda que as investigações sobre a acusação de espionagem vão ser encerradas logo. Eles ainda não foram acusados formalmente, mas sob a lei islâmica podem ser condenados à morte.
MÃES
Ainda no fim de maio as mães dos três montanhistas americanos visitaram o Irã, e puderam se encontrar com seus filhos. Os apelos ao governo, no entanto, não renderam resultados e as três retornaram aos EUA sem conseguir trazer os detentos de volta.
No fim de julho, as três realizaram um protesto em Nova York junto a meia centena de pessoas para voltar a exigir a libertação dos jovens. Com cartazes que proclamavam "um ano é suficiente, deixem-nos ir", "vingança para o Irã", os manifestantes protestaram em frente à sede da embaixada do Irã diante da ONU (Organização das Nações Unidas), no centro de Manhattan.
"Tenho um filho inocente que padece na prisão junto a outros dois amigos inocentes, é hora de poderem regressar à casa", disse Laura Fattal, mãe de Josh Fattal, 27 anos, um dos três presos.
"O estresse mental e psicológico de meu filho e de seus dois amigos depois de um ano de prisão é terrível", comentou Laura Fattal, que há dois meses pôde visitar seu filho na prisão de Teerã, onde ele está detido.
"Não voltamos a ter novidades desde que retornamos", disse Cindy Hickey, mãe de Shane Bauer.
Ela agradeceu o governo americano pelas gestões realizadas, mas comentou que "se estivessem fazendo o suficiente, Shane, Sarah e Josh já teriam voltado".
Sobre a possibilidade de realizar outra visita a Teerã, Nora Shourd, mãe de Sarah, disse que "não queremos voltar lá para vê-los, queremos é que eles retornem de uma vez por todas para casa".
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Comentários