Davi Nascimento encontrou-se com o PM da Rotam acusado de matar a corretora na noite anterior ao crime em sua casa. Ligações aumentam suspeita
Candidato a federal é indiciado como o coautor
Após prestar quase três horas de depoimento na tarde de ontem, na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Cuiabá, o candidato a deputado federal pelo PTC, Davi Manoel Nascimento, 27, saiu indiciado pela coautoria no duplo assassinato de Ana Cristina Wommer, 24, e do bebê que ela esperava, com oito meses de gestação.
Isto significa, que ele já responde criminalmente pelo inquérito policial que investiga a morte de mãe e filha. De acordo com laudo pericial juntado ao inquérito, Ana sofreu asfixia mecânica com uso de mão ou sacola plástica seguida por sufocação. O golpe teria provocado o parto e o sangramento excessivo.
O único que ainda está preso pelo crime, de forma temporária, é o policial militar da Rotam, Claudemir de Souza Sales, que mantinha uma relação extraconjungal com Ana Cristina.
Segundo informações do inquérito, que já se avoluma em 300 páginas, Davi se encontrou com Sales na noite anterior ao crime, na própria residência do militar. A informação foi confirmada no depoimento da mulher do PM, prestado à polícia. Nesse encontro, a dupla teria planejado a morte de Ana e a forma como o carro da marca Gol – que transportou o corpo da corretora de imóveis até o matagal às margens da rodovia BR-364 -, seria vendido.
O delegado que preside o inquérito, Márcio Pieroni, informou que já suspeitava da participação de Davi no crime pelas contradições desvendadas. “Ele detinha as chaves do Gol. Chegou a ir na casa do cunhado do Sales para entregar as chaves e acabou jogando-as fora”, define o delegado. Davi ainda tentou levar as chaves do veículo para Sales, que já estava preso no Presídio Militar em Santo Antônio de Leverger, mas sem sucesso. Em depoimento, o candidato disse que não sabe do paradeiro das chaves do veículo.
Outro fato liga Davi ao crime. Antes de se encaminhar ao município de Nobres, onde faria campanha política no mesmo dia do crime, o candidato recebeu três ligações de Sales. Ele só partiu rumo à cidade depois das 8h, horário em que a polícia calcula que Ana teria sido assassinada.
A Justiça já deferiu pedido efetuado pela Polícia Civil de quebra de sigilo dos extratos telefônicos de Davi. Se comprovada as ligações de Sales horas antes do crime, o candidato pode vir a ser preso temporariamente pelo crime.
ACAREAÇÃO - O caso ganhará outros contornos após acareação programada pela Polícia, ainda sem data definida, entre Davi e o comprador do veículo identificado apenas como Sandro. Sandro, que adquiriu o veículo ano 2008 por apenas R$ 3,5 mil e, em seguida, abandonou o carro, teria entregue as chaves do veículo a Davi. Ele pode responder na Justiça pelo crime de receptação de veículo.
A prisão temporária do PM, que vence nos próximos 13 dias, pode vir a ser prorrogada, devido ao atraso dos resultados dos exames de sangue e vísceras da vítima. Sales ainda é suspeito de portar ilegalmente uma pistola americana sem registro.
O carro Gol vendido por Sales era roubado desde agosto do ano passado. O veículo de placa EGM -1370, de Campinas (SP), foi roubado em Cuiabá. A polícia investiga o roubo do automóvel.
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