Amaggi e Cargill estão sendo prejudicadas pelo baixo nível do rio Madeira neste mês
Estiagem prejudica navegação e escoamento dos grãos de MT
A Amaggi e a Cargill, duas gigantes do agronegócio brasileiro, estão com dificuldades de navegação para transportar grãos mato-grossenses por meio do rio Madeira, no Amazonas, devido ao baixo nível de seu leito provocado pela seca prolongada nos últimos meses. Com o rio em nível crítico, as tradings estão sendo obrigadas a desviar a rota e até paralisar os embarques, como fez a Hermasa Navegação da Amazônia, empresa do grupo André Maggi, que deixou de carregar barcaças na semana passada temendo problemas como o encalhe das embarcações.
De acordo com o diretor-superintendente da Hermasa, João Roberto Zamboni, o nível do Madeira costuma baixar todos os anos nesta época em que as chuvas são escassas na região Norte, porém em 2010 baixou mais do que o normal, chegando a parar a movimentação de embarcações da empresa.
Ele avalia que 2010 está sendo o segundo pior ano de seca. “O pior [ano] foi 2005", lembrando que a série histórica do nível do rio compreende cerca de quatro décadas.
"Isso de fato afetou mais a navegação do que o normal", acrescentou Zamboni, salientando que a empresa não está carregando barcaças com soja, milho e farelo de soja para evitar que elas fiquem encalhadas no rio.
Informações passadas à Reuters dão conta de que o grupo prevê originar 4,5 milhões de toneladas de soja na temporada 09/10. A empresa realiza 60% de suas exportações pelo rio Madeira, mas parte do total originado pela empresa é consumido no mercado interno.
No ano passado, as exportações da Amaggi – uma das maiores produtoras de soja e milho do Brasil - somaram 1,4 bilhão de dólares, de um total faturado pelo grupo de 2,3 bilhões de dólares no período.
A Hermasa agora espera a volta das chuvas para retomar as exportações, provavelmente a partir de outubro. "Fizemos 70% da meta de exportações no ano, ainda tem 30% para ser feito em outubro, novembro e dezembro", informou Zamboni.
Questionado sobre os contratos externos da empresa, Zamboni explicou que os compradores do produto da Amaggi não estão sendo afetados, pois a companhia costuma se preparar para o período de seca. Ressaltou, entretanto, que se houver necessidade o grupo pode passar a usar os portos do Sul para exportar seus produtos.
Os produtos agrícolas da Amaggi são transportados de caminhão da região noroeste de Mato Grosso, onde está boa parte das propriedades do grupo, até Porto Velho (RO). Ali as barcaças são carregadas e seguem até o porto de Itacoatiara, no Amazonas, de onde o produto é embarcado em grandes navios que seguem em direção ao Atlântico.
CARGILL – A Cargill é outra empresa que também está tendo dificuldades para escoar grãos em barcaças pela hidrovia que permite o transporte da soja produzida no Centro-Oeste até terminal de exportação, em Santarém (PA). Com isso, a trading está sendo obrigada a remanejar para os portos do Sul parte da soja que seria exportada por Santarém, cujo terminal realiza embarques para o exterior de aproximadamente 1 milhão de toneladas de grãos por ano.
A exportação da soja de Mato Grosso pelo terminal de Santarém tem vantagens logísticas. Além do menor custo de transporte pela hidrovia, a região Norte está mais próxima de destinos europeus.
A Cargill transporta atualmente pelo rio Madeira apenas 20% do total transportado no mesmo período do ano passado. Cerca de 95% do total exportado pela Cargill por Santarém chega ao terminal pela hidrovia. A companhia tem projeto de instalar um novo silo no local, ampliando em 50% a capacidade de armazenagem de grãos do terminal.
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