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Política
Segunda - 20 de Setembro de 2010 às 07:26
Por: Hebert Almeida

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Os direitos iguais, a rotatividade do poder, a possibilidade de surgimento de novas lideranças, entre outros fatores fundamentais dentro dos ideais que formam os princípios democráticos são, definitivamente, aspectos pouco levados em consideração pelos partidos políticos em Mato Grosso. A propaganda eleitoral na televisão mostra verdadeiros “donos” das siglas, que abocanham a grande maioria do tempo reservado a apresentação dos candidatos. Trata-se de disparates que indicam privilégio de um lado e enganação de outro; muitos só servem mesmo para fazer número.

Um levantamento realizado pela Agência Fiscalizadora de Propaganda e Monitoramento, a AFPL, em Cuiabá, indica que a prática é comum em praticamente todos os partidos. O interesse maior é na propaganda inserida dentro da programação das emissoras de televisão, as chamadas inserções de 30 segundos. Se o candidato der sorte, pode aparecer nos intervalos do Jornal Nacional – considerado o programa de maior audiência da televisão; ou num Cadeia Neles, de gosto mais popular.

Os “donos” do partidos não se fazem de rogado. Exemplo, é o Partido da República, que tinha como principal estrela o ex-governador Blairo Maggi, atual candidato ao Senado Federal. Tinha! Agora a estrela maior é o deputado estadual Sérgio Ricardo. Candidato a reeleição, Sérgio Ricardo é responsável pela maior poluição visual que Cuiabá já viu de um postulante a cargo eletivo, quando ocupou os canteiros e rotatórias em todos os cantos da cidade. Com a suspensão de seus programas de televisão de gosto duvidoso, em que, às barbas da Justiça Eleitoral, mistura propaganda política com jornalismo popular,  Sérgio Ricardo “manda” na propaganda do PR.

De acordo com o levantamento, entre 17 de agosto e 16 de setembro, o 1º Secretário da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa, pode ser considerado o “queridinho” do PR: apareceu 126 vezes no vídeo falando de suas qualidades para ser eleito. O segundo colocado em aparição no PR é o deputado Herrmínio J. Barreto, que apareceu 19 vezes. Cláudia Fagotti e Misael Galvão, que buscam o primeiro mandato, apareceram 18 vezes, junto com os deputados Wagner Ramos e Sebastião Resende. Como se vê, não se trata apenas de uma questão de posto. Detalhe: o PR tem 14 candidatos a deputado estadual.

Um muito conhecido como “dono de partido”, o deputado Percival Muniz, do PPS, também não deixa por menos. A sigla colocou 10 postulantes a cadeiras no Parlamento Estadual. No maior colégio eleitoral do Estado, se depender apenas das inserções nas programações de TV, tratam-se de meros desconhecidos. Muniz ficou com toda a programação. Isso mesmo: toda; apareceu 36 vezes no período contra nenhuma dos outros.

O Partido Verde é um dos chamados “pequenos” das eleições, mas sofre com os mesmos defeitos dos grandes. José Roberto Stopa apareceu ficou com 49 inserções na TV no período pesquisado contra apenas 3 de Martins. O PV tem 10 candidatos a estadual. O PSOL optou por privilegiar a candidatura de Jeová Júnior, com 32 aparições.

No PTB, o “bolo publicitário”  está sendo mais democrático e vem sendo repartido entre Cleidson Gonçalves, Doutor Aray e Washington José. Até aqui,  cada um teve 15 aparições. Luiz Marinho e Michelly Oliveira têm 12 cada um. No PSDB há um certo equilíbrio. O que mais aparece, porém, é Carlos Avalone, com 18 vezes, seguido de Carlão Nascimento, com 17, e Guilherme Maluf, com 16. Mas Neiva Rodrigues pode reclamar: só apareceu 3 vezes em um mês.

O PDT acredita que Jacy Proença, ex-vice de Wilson Santos, tem mais chance de eleição e decidiu jogar toda a força da propaganda de TV sobre ela: já teve 56 inserções. O Major Olimpio, da mesma sigla, apareceu uma vez e é o terceiro que mais apareceu na telinha. O PDT colocou 9 candidatos na disputa. No DEM, outra mulher é a dona da área: Chica Nunes. Isso mesmo! Acusada de promover um “rombo” considerável na Câmara de Cuiabá, cassada na eleição passada por compra de votos, detentora da complacência da Justiça Eleitoral, Chica teve direito a 19 inserções no período levantado pela AFPL. Ela está a frente do deputado José Domingos, que tenta a reeleição. Ilda Margarida só apareceu três vezes. O DEM tem 14 postulantes.

O Partido dos Trabalhadores se lança da mesma estratégia: privilegiar quem tem mais chance de ganhar as eleições; no caso, os que já detém mandatos. No caso, justifica porque Ademir Brunetto e Alexandre César têm respectivamente 51 e 50 inserções. Mas, Julio Viana, ex-dirigente do Sindicato dos Professores e amigo pessoal de Carlos Abicalil, candidato ao Senado, apareceu o mesmo tanto que Alexandre César. O que dá a Lúdio Cabral a possibilidade de se queixar ao máximo. O PT tem 4 candidatos a deputado.

Ruy Policial é o que se pode chamar de “comandante em chefe” da propaganda eleitoral do “nanico” PSC: ficou com 19 inserções. Tudo bem que nada se compa as 126 de Sérgio Ricardo. No PSC, o segundo que mais apareceu foi o pastor João, com pouco mais que a metade do tempo ocupado pelo policial. Outro “poderoso” da propaganda eleitoral é o Sargento Júlio Bueno, do PRTB. Com a força da patente, já teve 18 inserções contra 9 de Jajah Neves e 7 do pastor Arlindo. A sigla tem quatro candidatos.  Pelas bandas de outro “nanico”, o PRB, o chefe da área é Thiago Brito, que ficou com 17 inserções, contra seis de Clara Sandra, Junior Pé no Chão e Silvio Delmondes. O PRB tem 16 candidatos inscritos.





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