Lula minimiza efeito Erenice e diz que povo percebe manipulação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou os efeitos do escândalo envolvendo Erenice Guerra sobre a disputa eleitoral e disse que a ex-ministra da Casa Civil perdeu a oportunidade de ser uma grande servidora pública.
"Se alguém acha que pode chegar aqui e se servir, sabe, cai do cavalo. Porque a pessoa pode me enganar um dia, pode me enganar, sabe, mas a pessoa não engana todo mundo ao mesmo tempo", disse Lula em entrevista ao site Terra, divulgada nesta quinta-feira.

Erenice pediu demissão na semana passada depois de denúncias publicadas sobre um suposto esquema de lobby comandado por seu filho Israel.

"O que aconteceu com a Erenice é que ela jogou fora uma chance extraordinária de ser uma grande funcionária pública deste país", acrescentou.

Lula disse não acreditar que o caso irá interferir no resultado eleitoral porque o povo hoje percebe quando "as denúncias são manipuladas eleitoralmente", mesmo quando são verdadeiras.

Mas a última pesquisa Datafolha, divulgada na noite de quarta-feira, começou a colocar em xeque a avaliação do presidente. Ainda que dentro da margem de erro, a candidata governista à Presidência, Dilma Rousseff (PT), oscilou para baixo 2 pontos, enquanto José Serra (PSDB) teve variação positiva de 1 ponto e Marina Silva (PV), de 2 pontos.

Com isso, a vantagem de Dilma sobre a soma de intenções de voto de seus adversários caiu de 12 para 7 pontos percentuais e aumentaram as chances de ocorrer um segundo turno da eleição presidencial.

Apesar de alguns comentários duros sobre Erenice, o presidente ressaltou que ainda não se pode culpar a ex-ministra.

"O que eu acho é que toda notícia de denúncia ela vem como se fosse uma feijoada. Depois que você faz um processo de investigação, escolhe o que você quer ali, você vai perceber que a quantidade de coisas, você vai perceber o que é cada um. Tem coisa que tem dimensão séria, tem coisa que é boato, especulação, tem coisa que não tem profundidade", falou Lula.

COMO NO TEMPO DO PLANO REAL

Sobre Serra, o presidente acredita que o tucano enfrenta hoje situação muito parecida com a dele nas eleições que perdeu para Fernando Henrique Cardoso.

"Eu, para ser muito sincero, poderia dizer para vocês que o (José) Serra está hoje na situação que eu estive nas duas eleições que perdi. O Serra foi candidato contra mim em 2002 quando o povo queria mudança e eu era mudança e ele, situação. Agora, ele quer mudança quando o povo quer continuidade", disse Lula.

"Então, foram dois momentos muito delicados. A mesma coisa fui eu. Fui candidato contra o Plano Real e era um massacre", afirmou.