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Política
Terça - 28 de Setembro de 2010 às 11:52

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Diálogos interceptados pela Polícia Federal durante a Operação Mãos Limpas indicam que o presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amapá, Júlio de Miranda, pagava regularmente a mãe de duas adolescentes para manter relações sexuais com ao menos uma das menores.

Nas transcrições dos grampos, autorizados pela Justiça, ele dá a entender que tirou a virgindade da menina, que à época da conversa tinha 14 anos. Hoje, tem 15.

No fim da tarde de ontem, a Folha tentou, mas não localizou nenhum advogado do presidente do TCE-AP. A mãe das meninas também não foi encontrada.

O presidente do TCE foi preso com outras 17 pessoas no dia 10 deste mês, sob a acusação de desvio de recursos do governo.

Além dele, a PF prendeu durante a Mãos Limpas o governador do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP), e o ex-governador, Waldez Góes (PDT). Os dois já foram liberados.

Miranda ainda está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, devido à suspeita de estar ameaçando testemunhas.

Os diálogos ocorreram em junho deste ano. Inicialmente, Miranda conversa com a mãe das duas garotas.

Ela se diz doente ("sinusite") e pede dinheiro. Logo depois, reclama que faltou R$ 500 no depósito bancário, que deveria ser de R$ 2.500.

Ele concorda: "Todo mês agora eu vou depositar R$ 2.500, não se preocupe, tá, eu vou depositar. Segunda-feira eu boto os R$ 500".

Logo depois de dizer que daria ainda outros R$ 1.000 para a suposta doença da mãe, ele pede para passar o telefone para o "meu amor, pra minha vida", referindo-se à adolescente. Após cumprimentá-la, diz: "Sonhei com você essa noite. Um sonho lindo, fazendo amor contigo, melhor ainda, porque naquele dia foi show".

"Na última vez foi quando você realmente virou mulher. Sabia? Você foi uma loucura, uma loucura. E atendendo ao seu pedido, vou botar R$ 1.000 na conta da sua mãe [...]. Beleza?"

Antes de desligar, ele diz "te amo" quatro vezes para a adolescente e afirma que ligaria depois para combinar de "sair" com ela. Na conversa, a menina responde laconicamente às declarações.

Além do suposto relacionamento com a menor --que pode vir a ser tipificado como abuso sexual--, as investigações da PF indicam que Miranda pode ter desviado dinheiro público e ser proprietário de diversas empresas operadas por testas-de-ferro.






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