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Política
Quinta - 19 de Setembro de 2013 às 17:18

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Um advogado de Cuiabá foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento com uma organização criminosa, alvo da "Operação Miquéias", deflagrada nesta quinta-feira (19) em Mato Grosso, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Maranhão, Amazonas e Rondônia. Ele atuaria como lobista e tinha a incumbência de corromper prefeitos e gestores da previdência social para que aplicassem recursos em fundos de investimentos com papéis geridos pela quadrilha.

 A reportagem do G1 procurou o advogado no escritório e foi informada pela secretária dele que ele não teria ido trabalhar nesta quinta-feira. Ele foi levado para a sede da Polícia Federal, em Cuiabá, para prestar depoimento sobre o caso e, em seguida, liberado. O teor do depoimento dele ainda não foi divulgado.

 Na operação, dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos na residência do advogado, localizada em um condomínio de luxo, no bairro Ribeirão do Lipa, e no escritório dele, no bairro Santa Rosa, na capital. Foram apreendidos documentos.

 As investigações apontam que os prefeitos e gestores de Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) eram aliciados de duas formas. Uma delas era por meio de lobistas que se aproveitavam da influência política ou da rede de contatos de trabalho para intermediar e agendar reuniões entre os membros da organização criminosa e políticas. Para isso, recebiam uma espécie de comissão.

 Outra forma de cooptar os prefeitos se dava por meio das chamadas "pastinhas", onde mulheres, normalmente muito bonitas, percorrem o país visitando prefeitos e apresentando a eles os fundos nos quais querem que sejam investidos os recursos dos Regimes Próprios de Previdência Social. "Nessas visitas, acredita-se que as "pastinhas" já oferecem algum retorno financeiro aos prefeitos e/ou gestores do RPPS caso o investimento se realize, sendo normalmente oferecido um percentual sobre o montante total aplicado".

 Parte do inquérito diz ainda que, nas interceptações telefônicas, se apurou que cada "pastinha" tem um âmbito de atuação específico, divididas por regiões e municípios a serem visitados. Conforme a PF, os fundos oferecidos pela empresa, geridos por integrantes da organização criminosa, possuem investimentos pouco atrativos que, com o passar do tempo, "têm desvalorização nas cotas decorrentes da contabilização de provisões de perdas por problemas de liquidez ou pedidos de recuperação judicial dos emissores dos títulos privados que compõem suas carteiras, causando severos prejuízos ao patrimônio do RPPS", diz outro trecho das investigações.

 Pela ordem, os lucros das aplicações financeiras feitas pelas prefeituras são transferidos para as contas das empresas de fachada sediadas em Brasília. Após circular por outras contas bancárias de envolvidos no esquema, o dinheiro é sacado.

 A empresa que acobertava a organização era de propriedade de três homens. A quadrilha também era formada por dois montadores dos fundos, seis lobistas e seis "pastinhas".

 Ao todo, a PF deve cumprir 27 mandados de prisão e 75 de busca de apreensão, incluindo dois contra esse advogado de Mato Grosso. Foi detectada a existência de um "verdadeiro serviço de terceirização para lavagem do dinheiro proveniente de crimes diversos". Nos dezoito meses de investigação, a polícia estima que foram sacados mais de R$ 300 milhões de reais nas contas dessas empresas. Foram identificadas 30 empresas de fachada.
 





Fonte: Do G1 MT

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