Parlamentares veem hipocrisia de Mauro Mendes no uso de cartas de crédito
O presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, deputado Mauro Savi (PR), classificou como uma “hipocrisia deslavada” a crítica do empresário Mauro Mendes, candidato a governador pelo PSB, ao fato de o governo do Estado pagar débitos antigos aos servidores públicos com cartas de crédito, enquanto, como dono da Bimetal, compra os mesmos créditos por valores, com 75% de deságio, para pagar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
“Para a empresa Bimetal comprar precatórios por apenas 25% do valor real, ele afirma estar dentro da lei. Agora, como candidato a governador tem a coragem de vir a público defender o pagamento do valor de face para esses documentos”, afirma Savi. “Então, se considera imoral os descontos concedidos por servidores para facilitar a troca dos precatórios, então por que, na Bimetal, não coloca em prática o seu discurso? Até quando ele vai ficar nessa hipocrisia: "faça o que eu falo, mas não faça o que eu faço". Isso é abominável”, acusa o parlamentar republicano.
Com a autoridade de quem foi líder do governo na Assembléia durante seis anos, Mauro Savi garante que nenhum governo se empenhou tanto no pagamento de precatórios quanto Blairo Maggi e Silval Barbosa. “Desde 2003, o nosso governo sempre tratou o servidor com prioridade absoluta. Se é uma prática legal, ele subfaturar o valor de compra da carta de crédito, é no mínimo imoral usar desse expediente para levar vantagem, ainda mais ele que critica a política do governo do Estado”, completa.
O deputado estadual Alexandre César (PT) considerou o ato um absurdo, uma contradição para alguém que critica a ação, mas se beneficia dela. O parlamentar assistiu ao debate e confessa que ficou surpreso com a admissão do candidato ao governo do Estado. “É curioso porque ele leva vantagem na compra das cartas, mas faz críticas a essa iniciativa. A política tributária de compensação do Estado de Mato Grosso é objeto de elogio do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por ser uma alternativa na solução de passivos de natureza tributária que tem sido modelo para outros Estados do país”, relata o deputado petista, candidato à reeleição.
Mauro Mendes confessou, ao vivo, durante debate realizado pela TV Centro América, afiliada à Rede Globo, na noite desta terça-feira (28), que pagou R$ 4 milhões em precatórios para saldar débito de R$ 12 milhões em ICMS devidos ao Tesouro do Estado, comprando cartas de crédito bem abaixo ao valor do documento, se beneficiando da desvalorização para tirar vantagem .
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