Brasil precisa aumentar poupança para se desenvolver, diz colunista-chefe do "FT"
O principal desafio para o Brasil se tornar um país desenvolvido é aumentar o nível de poupança interna, na avaliação de Martin Wolf, principal colunista de economia do jornal britânico Financial Times.
Considerado um dos mais influentes comentaristas econômicos mundiais, Wolf é um dos especialistas ouvidos pela BBC Brasil para a série "O Que Falta ao Brasil?", que discute os desafios do Brasil para se tornar um país desenvolvido.
"O maior desafio econômico que o Brasil enfrenta é aumentar a taxa de poupança nacional, hoje abaixo dos 20% do Produto Interno Bruto, para acima de 30%", afirma Wolf.
Segundo ele, "todos os países que mantiveram um rápido crescimento ao longo de uma geração e com isso levaram suas economias ao nível de país desenvolvido conseguiram poupar nesse nível alto".
Para o colunista, a única alternativa a isso seria depender de financiamento externo, mas isso traz perigos.
"A experiência longa e dolorosa mostra que quando o fluxo líquido de capital estrangeiro fica acima de, digamos, 5% do PIB, uma crise financeira é provável. Em vez disso, é necessário depender de níveis mais altos de poupança interna", afirma.
Segundo ele, com o baixo nível de poupança interna brasileira, o governo deve manter um superávit fiscal alto e sustentado, além de promover a poupança em geral entre a população.
Um dos caminhos para conseguir isso, diz Wolf, seria com o estabelecimento de um esquema nacional de poupança para pensões.
"Se a empobrecida China pôde conseguir uma taxa de poupança nacional de cerca de 35% do PIB, então o Brasil seguramente pode conseguir também", afirma.
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