Juiz abre inquérito contra MPE para apurar vazamento
O juiz José Arimatéia Neves Costa, da Vara Especializada em Crime Organizado, Ordem Tributária e Administração Pública da Comarca de Cuiabá, determinou a abertura de um inquérito policial para investigar o Ministério Público Estadual (MPE).A determinação partiu depois do vazamento do depoimento do empresário Pérsio Domingos Briante sobre o superfaturamento de R$ 44 milhões na compra de 705 máquinas e caminhões feitas pelo Governo.
O empresário confirmou um esquema envolvendo as empresas que participaram do certame licitatório e a cobrança de uma comissão, que partiu do ex-secretário de Infraestrutra, Vilceu Marchetti, e que supostamente seria para a campanha eleitoral do ex-governador Blairo Maggi (PR), candidato ao Senado.
"Já sabemos que a informação saiu do Ministério Público. A investigação corre sob sigilo e vamos buscar saber quem foi o responsável por divulgá-la", declarou o magistrado em entrevista ao Olhar Direto.
O juiz atende pedido feito pela Delegacia Fazendária, responsável por apurar o caso que tem rendido muita polêmica e culminou na exoneração de dois secretários (de Marchetti e do ex-secretário de Administração, Geraldo de Vitto) ainda na gestão Maggi.
O juiz entende que a quebra de sigilo compromete as investigações e poderá prejudicar o andamento do inquérito, que estava previsto para ser finalizado neste mês. A cópia do documento foi divulgada nesta sexta-feira (1) pela Ong Moral e o empresário traz detalhes dos bastidores do "escândalo das máquinas". Ele é proprietário da empresa Extra Caminhões e foi um dos vencedores da licitação.
Para evitar que o processo de apuração seja prejudicado, o juiz José Arimatéia notificou os veículos de comunicação da capital para que fosse retirada do ar a reprodução do depoimento.
Questionado se a atitude poderia ser considerada censura contra a imprensa, o magistrado foi enfático. "Se querem que os culpados sejam punidos e que o caso seja finalizado, então evitem prejudicar com vazamentos", disse.
Outro lado
O Ministério Público chegou a encaminhar uma nota na tarde de hoje esclarecendo que as tais informações não foram divulgadas pela instituição. Também informou que não irá se posicionar sobre as investigações, que correm sob sigilo por determinação judicial.
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