Ele disse aos policias que torturou vítima após recusa de reatar casamento. "Ele só demonstrou emoção ao falar do filho", afirma delegada.
Homem que perfurou olhos da ex se entrega
Homem que torturou e perfurou olhos de ex-mulher é preso em Goiânia (Foto: Luísa Gomes/G1)
Após 21 dias foragido, o homem de 30 anos que torturou e perfurou os olhos da ex-mulher se entregou à Polícia Civil na noite de quinta-feira (19), em Goiânia. Ele está preso na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), na capital. Segundo a delegada responsável pelo caso, Ana Elisa Gomes, ele confessou ter cometido o crime depois de a vítima se recusar a reatar o casamento.
A operadora de caixa Mara Rúbia Guimarães, de 27 anos, foi agredida pelo ex-companheiro no último dia 29, em Goiânia, quando chegava em casa para almoçar. Depois de cometer as agressões com uma faca de mesa, o homem fugiu.
De acordo com a polícia, ele estava escondido em uma fazenda em Águas Lindas de Goiás, município goiano do Entorno do Distrito Federal. Na segunda-feira (16), o homem foi localizado e houve uma intensa perseguição policial, mas o autor entrou em uma mata e fugiu.
Para a delegada, ele se assustou com a perseguição. “Ele achava que estava seguro e bem escondido nessa fazenda e percebeu que não tinha mais para onde fugir. Vendo que não tinha alternativa resolveu se entregar”, afirma.
O autor será interrogado na tarde desta sexta-feira (20). Porém, em depoimento informal, já afirmou que ficou agressivo devido a uma discussão quando Mara Rúbia se recusou a reatar o casamento.
Mara Rúbia Guimarães teve os olhos perfurados
pelo ex-marido, em Goiânia (Foto: Arquivo pessoal)
Ele não dá detalhes do crime e diz que não queria matar a ex-companheira. Porém, para a polícia, a intenção do homem foi clara. “Acreditamos que quando ele saiu da casa, deixou ela trancada, totalmente ferida e desacordada, imóvel no chão, sangrando, levou o celular dela e fechou toda a casa, ele teve certeza que ela morreria ou que ela já estava morta”, afirma Ana Elisa Gomes.
Segundo a delegada, o autor só demonstrou emoção ao falar do filho. “Chegou a chorar e disse que gosta muito do filho, que eles têm uma relação muito próxima. Ele se diz arrependido do que fez”.
Conforme a Polícia Civil, após a conclusão do inquérito o homem será indiciado por tentativa de homicídio triplamente qualificado porque, para polícia, o crime teve motivo fútil, foi cruel e o autor usou de tortura e retirou qualquer possibilidade de defesa da vítima. Ele também deve responder pelo crime de roubo, pois levou o celular da mulher após tentar matá-la.
Enquanto o inquérito não é concluído, o homem permanece em prisão temporária por um prazo de 30 dias, que podem ser prorrogados por outros 30 dias. Além disso, com o fim das investigações, a delegada afirma que pedirá a prisão preventiva do autor.
Agressões
De acordo com os familiares, o casal se separou há dois anos. Desde então, a mulher, que morava em Corumbá de Goiás, se mudou para a capital. Esta não seria a primeira vez que o homem agrediu a ex-mulher, pois não aceitava o fim do relacionamento.
Ela informou, em entrevista à TV Anhanguera, que procurou a polícia por quatro vezes para denunciar o agressor, mas que não obteve ajuda. “Ouvi de uma delegada que as coisas não são tão fáceis assim. Não é apenas chegar e falar. Mas foi. Ele me cegou e agora vou viver o resto da minha vida na escuridão”, lamentou.
Tratamento
Desde que foi ferida, Mara Rúbia já passou por duas cirurgias. O médico responsável pelo tratamento dela, Antônio Sagawa, disse que a paciente se recupera bem. "O prognóstico era bem sombrio, mas evolução é muito satisfatória”, afirmou. No entanto, a mulher ainda deve ser submetida a novo procedimento cirúrgico.
O médico informou que as lesões provocaram uma catarata no olho direito de Mara Rúbia, onde também será necessário reconstruir a parte detrás do globo ocular. Já no olho esquerdo, o ferimento foi na pupila, que também deve passar por correções. De acordo com o médico, a visão da operadora de caixa não será como antes, mas é provável que ela enxergue mais do que os 25% previstos inicialmente.
Avó diz que não concorda em entregar a guarda do
neto à mãe (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Filho
Em meio ao tratamento, Mara Rúbia luta para reaver a guarda do filho, de 7 anos, que mora com a avó paterna em Corumbá de Goiás, a 108 quilômetros da capital. A Justiça de Goiânia deu um parecer favorável à mulher, que solicitou a guarda do filho após ser atacada pelo ex-companheiro.
No entanto, a promotoria da cidade foi contrária à medida e o caso foi encaminhado ao juiz local, que entendeu que houve uma confusão sobre qual comarca deveria julgar o caso. Com isso, o menino não pôde ser levado.
A avó paterna da criança, a dona de casa Divina Bicudo dos Santos disse, em entrevista à TV Anhanguera, que cuida do neto desde que ele nasceu e que não concorda em ceder a guarda para a mãe. “Nós [família paterna] sempre cuidamos dele. Sem contar que o menino está acostumado com a gente. Quero ele aqui”, afirmou Divina, que entrou com um pedido na Justiça pela guarda do neto.
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