Sob clima de conflito com diretores, Sachetti entrega presidência da Agecopa
Adilton Sachetti está decidido a entregar o cargo de presidente da Agecopa, autarquia responsável por elaborar e executar projetos milionários dentro dos preparativos da Grande Cuiabá para o Mundial de futebol de 2014. Mesmo com seu estilo mais técnico que político e tendo adotado uma linha dura, principalmente quanto ao controle do caixa, o ex-prefeito de Rondonópolis não conseguiu a autonomia esperada, vive em conflitos com os demais diretores e agora quer uma reunião com o governador reeleito Silval Barbosa para colocar o posto de presidente à disposição.
Ele tomou essa decisão depois de enfrentar uma nova crise na semana passada. Sachetti teve uma discussão ferrenha com um dos seis diretores. Quase foram às vias de fato. Percebeu, então, que a situação está insustentável e deve mesmo deixar o comando da Agência Estadual de Execução dos Projetos da Copa do Mundo do Pantanal (Agecopa) devido à incompatibidade com demais membros da diretoria. Não possui o chamado "jogo de cintura" e acaba se indispondo também com assessores. Perguntado sobre o assunto, Sachetti pediu um tempo para se posicionar. Disse que, antes de conceder entrevista ao blog, precisaria fazer um contato (não disse quem seria essa pessoa).
O blog apurou que o Palácio Paiaguás aceitará o pedido de demissão de Sachetti, que foi nomeado no ano passado pelo então governador Blairo Maggi para permanecer no posto até 2014. Ele ganha mais de R$ 12,2 mil mensais. A Agecopa tem estrutura para 80 cargos, com salários acima de R$ 1,2 mil. Silval pretende aproveitar a eventual saída de Sachetti para discutir o modelo. Quer ouvir segmentos sociais, representantes políticos e empesariais para, ao final, concluir se este é mesmo o modelo correto para tocar os projetos visando a Copa do Mundo.
Por causa de conflitos, principalmente devido a interesses políticos, os diretores não conseguem chegar a consenso sobre alguns projetos considerados fundamentais. Sachetti não aceita, por exemplo, "gastança" sem haver uma discussão mais ampla. Os diretores Carlos Brito (Infraestrutura), Yuri Bastos Jorge (Assuntos Estratégicos), Yênes Magalhães (Planejamento), Roberto França (Comunicação e Marketing) e Agripino Bonilha Filho (Interinstitucional) não aceitam tanta interferência do presidente. Sachetti tentou criar mecanismo de controle do caixa, com trâmites mais burocráticos, inclusive constituindo uma banca de advogados, mas não encontrou apoio para isso.
Com repasses do Estado, financiamento junto a instituições financeiras e parcerias, a Agecopa deve movimentar mais de R$ 6 bilhões. A missão é planejar, executar, controlar, fiscalizar e coordenar os projetos especiais. Caso não consiga êxito, Cuiabá ficará de fora da Copa do Mundo a ser realizada daqui a quatro anos. Somente de repasse do Estado, por meio de um Fundo, a Agecopa receberá R$ 1 bilhão até 2013.
Técnico e político
Alguns procedimentos revelam, na prática, que o presidente perdeu o controle dos gastos nesta fase de montagem de estrutura, embora tenha Jefferson Castro (Orçamento e Finanças) como responsável pelo setor. A cada dia Sachetti se surpreende como compra de novos equipamentos. Quando questiona as aquisições, ouve quase sempre como resposta que "seria necessário" e que "não se pode ficar enrolando e parado da burocracia".
Além de problema no controle do caixa, Sachetti se depara com outra situação conflitante e curiosa. Acontece que ele pertence ao time mais técnico que representa minoria na hora da decisão colegiada. Dos 7 da diretoria, quatro vieram da militância político-partidária, sendo eles Brito, Yuri, França e Bonilha. Com mais visão técnica estão o próprio Sachetti, Yênes e Jefferson.
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