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Quinta - 07 de Outubro de 2010 às 09:55
Por: Amanda Alves

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No Shopping Popular vendedores pedem atenção às câmeras e oferecem Viagra e Pramil por R$ 40 a R$ 60
No Shopping Popular vendedores pedem atenção às câmeras e oferecem Viagra e Pramil por R$ 40 a R$ 60
Uma tonelada e meia de medicamentos falsificados e contrabandeados foi apreendida desde o começo do ano no Estado, conforme estimativa da Vigilância Sanitária de Mato Grosso. A maioria dos produtos são importados ilegalmente da Bolívia e têm transito livre no mercado ilegal. No topo da lista de apreensões estão os medicamentos para disfunção erétil, comercializados livremente no Shopping Popular do Porto, em Cuiabá.

Pelo menos 3 bancas vendem o medicamento irregularmente, ao custo médio de R$ 50. Sob discrição, os atendentes das bancas afirmam ter o produto, mas alertam para as câmeras que fazem a segurança do local. Uma mulher informou que a cartela com 4 comprimidos de Viagra custa R$ 50 e a caixa do Pramil ("genérico" do Viagra) com 20 comprimidos sai por R$ 40. Em outra banca, o vendedor diz que o produto sairia por um valor mais alto, R$ 60.

No momento da negociação, a vendedora garantiu que o medicamento contrabandeado não causa nenhum mal. "Meu marido toma há 10 anos e fica uma beleza".

O cartão com o endereço da loja foi cedido, mas com o recado que a negociação só seria feita no local e não por telefone.

Outro vendedor recomendou que os remédios, voltados para a disfunção erétil, sejam tomados 30 minutos antes da relação sexual e só há restrições às pessoas que tenham problemas do coração. Da mesma forma, farmácias da avenida do CPA vendem o medicamento Pramil na clandestinidade como uma das opções para quem sofre de disfunção erétil. Este produto, produzido no Paraguai, tem venda proibida no Brasil.

O coordenador da Vigilância Sanitária de Mato Grosso, Fábio José da Silva, diz que entre 2008 e 2009, 50 toneladas de medicamentos foram apreendidos e que as operações são constantes. A estimativa de 1,5 tonelada será consolidada no final do ano, quando todas as Vigilâncias Sanitárias enviam os relatórios.

"As regiões fronteiriças são mais preocupantes, porque os medicamentos vêm junto com as drogas. No Sul do Estado principalmente", analisa Fábio.

Os falsos fitoterápicos - medicamentos que têm como princípio ativo ervas medicinais - têm entrada fácil no país e são bem aceitos pelos consumidores. Considerados inofensivos por terem origem vegetal, boa parte da população não vê com maus olhos este tipo de produto. "A ingestão de medicamento é um problema cultural muito grande, tão antigo quanto perdura o tráfico de drogas".

Para combater a fabricação e comercialização dos falsos medicamentos, o coordenador da Vigilância Sanitária de Mato Grosso diz que é realizado um trabalho de "formiguinha".

Em todo o país, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apreendeu, entre janeiro e agosto deste ano, 53.575 medicamentos falsificados e contrabandeados, além de 62,9 toneladas de remédios sem registro.

O assessor de segurança institucional da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Adilson Bezerra, considera que o fato de um estado fazer fronteira com território internacional não influencia na comercialização ilegal em larga escala. "O fenômeno é mundial e aqui no Brasil encontra-se em todo o território".

Na última semana, uma fábrica ilegal de medicamentos foi desmantelada em Mato Grosso do Sul, tendo 4 pessoas presas em flagrante, além de 6 farmácias fechadas por venda ilegal.

O assessor da Anvisa diz que nas situações em que os medicamentos falsificados são importados, são utilizadas mais as fronteiras "secas" ou terrestres, em que o trabalho é acompanhado do narcotráfico ou sacoleiros.

Em Mato Grosso, Adilson lembra que no último ano foram feitas 4 grandes operações, nas cidades de Cáceres, Rondonópolis, Sinop, Cuiabá e Várzea Grande. Na operação Drágea, deflagra na região da Capital, em maio de 2009, 50 toneladas de medicamentos que se encontravam sem registro e sendo comercializados foram apreendidos. Foram inspecionados 17 locais, sendo interditados 6 e presas 10 pessoas.

Falsificar e comercializar medicamentos é crime previsto no artigo 273 do Código Penal com pena de 10 a 15 anos mais multa.

Além das apreensões, porém, é preciso a conscientização do consumidor, que não deve se deixar levar pela propaganda enganosa de vendedores. Apenas um farmacêutico está autorizado a dar orientações.

Segurança - Para garantir a veracidade do produto, a partir de janeiro de 2012 cada caixa de medicamento conterá um selo de segurança fornecido pela Casa da Moeda que será reconhecido por leitores óticos em todos os estabelecimentos farmacêuticos do país. A autenticidade do produto será indicada quando o consumidor aproximar a etiqueta de segurança ao visor do terminal ótico.

Hoje, o dispositivo que o consumidor tem para garantir a boa procedência do produto está na borda da caixa, em um quadrado sem inscrição, onde é possível riscar com uma moeda ou material metálico. Deverá aparecer a frase: "garantida a qualidade".

O chefe do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Otto Chaves, alerta para o uso correto dos medicamentos para a disfunção erétil. "O falsificador não está interessado em oferecer um produto adequado e o grande alerta é não tomar gato por lebre".

Além do Viagra, existem mais 6 marcas vendidas em farmácias e recomendadas para quem tem a doença. São eles: Suvia, Sildenafil, Levitra, Cialis, Lodelafita e Heleva.

O medicamento aliado ao estímulo sexual de uma parceira são os quesitos para que o paciente tenha efeito no tratamento, lembra o médico. "Pessoas que têm problemas coronários e tomam Nitrato não podem tomar estes tipos de medicamentos".

Os efeitos colaterais normais ao uso destes produtos são dores de cabeça e vermelhidão facial. Apesar de não precisar de receita médica para adquirir o Viagra na farmácia, o urologista lembra que é importante uma consulta ao especialista. "A dosagem errada pode fazer mal".

A fabricação e venda ilegal de medicamentos em locais que não sejam drogarias ou farmácias pode ser denunciada pelo telefone 0800-642-9782 ou por meio do e-mail: ouvidoria@anvisa.org.br.

 




Fonte: A Gazeta

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