O sucesso da Embratel em adquirir ações preferenciais da Net abre espaço para que as empresas no Brasil do bilionário mexicano Carlos Slim avancem no processo de consolidação.
Na tarde desta quinta-feira, a Embratel comprou 143,85 milhões de ações preferenciais da Net em leilão na Bovespa ao preço de 23 reais cada, totalizando desembolso de 3,3 bilhões de reais.
Para financiar a operação, a Embratel vai emitir 3,5 bilhões de reais em debêntures em duas séries com prazos de três e quatro anos, respectivamente.
O número de ações adquiridas corresponde a 72,2 por cento dos papéis preferenciais da Net em circulação no mercado, acima dos dois terços necessários para que a operação fosse bem-sucedida. Os acionistas da Net que não venderam suas ações nesta quinta-feira terão prazo para adesão à oferta.
A Embratel já tinha participação na Net, com quase 13 por cento do total de ações preferenciais, além de posição relevante no capital votante.
O controle da Net, contudo, está nas mãos das Organizações Globo, devido à restrição legal para que estrangeiros tenham a maioria do capital votante de empresas de TV paga no Brasil. Há expectativa de mudança na lei, e que quando isso ocorrer Slim assuma o comando da Net.
A Embratel anunciou a Oferta Pública de Aquisição (OPA) das ações preferenciais da Net no início de agosto. O leilão de compra dos papéis foi adiado duas vezes, primeiro de 9 para 29 de setembro e então para 7 de outubro.
A última mudança de data ocorreu após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinar alteração na base de cálculo das quantidades mínimas de ações alvo da OPA.
Embora alguns analistas tivessem apontado que o valor de 23 reais não era o justo para a ação da Net, a maioria das corretoras consultadas pela Reuters recomendava que os acionistas aderissem à proposta.
CONSOLIDAÇÃO NO BRASIL
Com o sucesso da OPA, o grupo América Móvil, de Slim, segue firme em sua estratégia de consolidar os ativos de telecomunicações que possui no Brasil.
O bilionário mexicano já deixou clara as intenções de unificar seus ativos em telecomunicações na América Latina, criando um grupo capaz de oferecer telefonia fixa, móvel, Internet e TV paga sob o mesmo chapéu.
No Brasil, além do controle da Embratel e da presença expressiva na Net, Slim é dono da operadora móvel Claro, segunda maior do país em número de assinantes.
Está no Senado um projeto de lei que, se aprovado, permitirá que estrangeiros tenham controle de empresas de TV paga, o que permitiria a Slim consolidar de forma definitiva seus ativos no mercado brasileiro.
A presença de Slim na Net ocorre de forma indireta em uma estrutura complexa, por meio da holding GB Empreendimentos, a qual divide controle com as Organizações Globo.
Existe uma opção entre a Globo e a Telmex para troca de 2 por cento do capital votante da GB, o que daria à Slim o controle da Net.
A grande concorrente da América Móvil na América Latina é a espanhola Telefónica, que assim com a rival também está em processo de unificação de plataformas no Brasil, após adquirir o controle da Vivo da Portugal Telecom, ganhando espaço para unir operações com a Telesp, concessionária de telefonia fixa em São Paulo.
Na Bovespa, as ações da Net encerraram o dia cotadas a 22,86 reais, com valorização de 4,15 por cento.
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