Túnel para resgate de mineiros chilenos ficará pronto nesta segunda-feira
Está previsto para ser concluído na manhã desta segunda-feira, horário local, o trabalho de reforço do túnel por onde passarão os trabalhadores presos na mina de San José, no Chile.
Quase cem metros da parte do poço mais próxima à superfície estão sendo reforçados com tubos metálicos soldados entre si para evitar o desprendimento de rochas capazes
de danificar a cápsula durante o resgate.
Após uma análise do poço --de 622 metros de profundidade e 66 centímetros de diâmetro-- as autoridades determinaram que seria necessário revestir os primeiros 50 metros.
Como medida extra de precaução, foi determinado que os primeiros 96 metros seriam reforçados.
Entretanto, um dos tubos tinha imperfeições e foi descartado, de forma que o trabalho abarcará apenas os 90 metros do túnel mais próximos da superfície.
O diretor-executivo da estatal chilena de mineração, Codelco, Gerardo Jofré, disse à BBC Mundo que a mudança de planos não afeta a segurança nem o cronograma da retirada.
"Não esperamos atrasos. A cápsula tem um desenho que está todo pensado para que não se produza esse tipo de coisas. Abaixo, a qualidade da rocha é extraordinário, o que não dá espaço para pensar em desprendimentos", declarou Jofré.
Depois do revestimento, o próximo passo será a colocação do sistema de guindastes e roldanas capazes de sustentar até 40 toneladas de peso, que possibilitarão o deslocamento das cápsulas Fênix.
Simultaneamente, continua avançando a perfuração alternativa (o chamado plano C; o plano A foi suspenso), para o caso de contratempos no plano atual. Até a tarde do domingo, o plano C já havia percorrido 447 metros.
"POUCAS HORAS"
O ministro chileno da Mineração, Laurence Golborne, disse à TV chilena que a operação de salvamento está "a muito poucas horas" de trazer os mineiros à superfície.
Golborne disse que já foram escolhidos os quatro primeiros homens a serem tirados da mina, a partir da quarta-feira.
A repórter da BBC Mundo que acompanha o resgate, Valeria Perasso, disse que a operação, se bem sucedida, será o maior resgate mineiro do mundo, tanto pela prolongada estadia --67 dias até agora-- como pela profundidade em que se encontram as vítimas.
Segundo um dos médicos que vem monitorando o caso no local, o estado físico e psicológico dos 33 homens presos desde 5 de agosto é bom.
"Eu os vejo preparados, esperam este momento muito mais do que nós, mas estão bem e em condições muito boas, físicas, médicas e psicológicas", disse Andrés Llarena.
"Mesmo aqueles que já apresentavam enfermidades antes do acidente estão em condições muito estáveis. Eles têm muita vontade, mas estão tranquilos e temos confiança de que tudo correrá bem."
"SEGUNDO A SEGUNDO"
Llarena disse que as operações de resgate vão ser monitoradas segundo a segundo.
O transporte deve durar uma hora para cada um dos 33 homens presos. Ao chegar à superfície, eles receberão óculos escuros especiais para se readaptar à luminosidade, após quase dois meses de semiescuridão.
Os mineiros devem receber uma alimentação especial para a subida, seguindo os conselhos de especialistas da Nasa, a agência espacial americana, que supervisionam o resgate.
Os primeiros a serem retirados serão os mais hábeis e em forma, que podem ser capazes de resolver eventuais problemas com a cápsula em suas primeiras viagens.
Em seguida, serão retirados os mineiros mais debilitados. Um enfermeiro será transportado para o interior da mina para avaliar o estado dos mineiros e ajudá-los a entrar na cápsula de resgate.
Eles passarão então por uma avaliação médica, feita a princípio por Llarena, antes de serem transportados, de helicóptero, para um hospital de Copiapó, a cidade mais próxima.
Espera-se que todos os homens estejam a superfície até a sexta-feira.
O médico disse esperar que "os 33 vão sair caminhando como se passeassem no parque, provavelmente pedindo um prato de comida quente".
"Devem pedir também que não os aborreçamos muito, do ponto de vista médico", disse ele.
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