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Dilma e Serra têm concepções opostas sobre ensino técnico
Tanto Dilma Rousseff (PT) quanto José Serra (PSDB) defendem a multiplicação do ensino profissionalizante.
Ela promete abrir escolas técnicas nas cidades com mais de 50 mil habitantes. E ele, criar 1 milhão de vagas.
É a etapa da educação voltada para quem quer se especializar numa área --eletrônica, mecânica, informática, enfermagem etc.-- sem cursar uma faculdade.
Embora pareçam concordar plenamente nesse ponto, Dilma e Serra em nenhum momento avisaram ao eleitor que suas concepções de ensino técnico são bem diferentes, quase opostas.
A candidata do PT propõe que a escola tenha cursos técnicos misturados com o ensino médio (antigo 2º grau). O aluno faz um curso só e ganha dois diplomas.
O candidato do PSDB, por sua vez, defende que a escola tenha exclusivamente cursos técnicos. Para entrar, o estudante deve já ter concluído ou ao menos estar cursando (em outra escola) o ensino médio.
Dilma se espelha nas escolas técnicas federais. A promessa de Serra é reproduzir as escolas técnicas do governo de São Paulo.
ESPECIALISTAS
Especialistas em educação encontram vantagens e desvantagens em cada modelo.
A escola de Dilma (médio e técnico integrados), como ponto forte, ajuda a reduzir os elevados índices de abandono do ensino médio.
As disciplinas práticas profissionalizantes -ao contrário dos conteúdos puramente teóricos do ensino médio- conseguem manter os alunos motivados e interessados nos estudos.
"Não é um mero treinamento de habilidades. O aluno aprende [no médio] as bases científicas e epistemológicas do conhecimento [técnico]. Não é só fazer; é pensar. É uma formação mais completa", diz Remi Castioni, professor da Faculdade de Educação da UnB.
Por outro lado, a escola técnica do PT tem mais dificuldade para atualizar seus currículos. Qualquer mudança no currículo técnico exige adaptações também na grade do ensino médio.
"É como o xadrez. Se você mexe uma peça, tem que mexer no jogo todo", compara Nacim Chieco, consultor do Senai e ex-presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. "E o ensino técnico, como segue o mercado de trabalho, requer atualizações constantes."
O modelo de Serra (puramente técnico) é mais barato. Uma vez que não há ensino médio e os cursos são rápidos (um ano e meio, ante os quatro anos do ensino integrado), é preciso ter menos professores e salas de aula. A expansão é mais fácil.
Entretanto, a falta do ensino médio integrado obriga os adolescentes que não têm diploma de nível médio a fazer uma exaustiva dupla jornada: no colégio de manhã e na escola técnica à tarde. As disciplinas de um local e do outro não "dialogam".
"O modelo de São Paulo tem preocupação excessiva com reduzir custos. A formação do estudante é aligeirada. Os professores não conseguem desenvolver bem seus programas", diz Maria Sylvia Simões Bueno, professora da Unesp e organizadora de um livro sobre as escolas técnicas paulistas.
Um curso da escola dos tucanos, segundo ela, tem 1.500 horas de aulas técnicas. Na escola dos petistas, 2.000 horas de aulas, além das horas do ensino médio.
De qualquer forma, o curso técnico de Serra tem algo do modelo petista. Uma parte pequena das vagas é integrada ao ensino médio.
E, da mesma maneira, o curso profissionalizante de Dilma tem, como exceção, algumas vagas sem o ensino médio, para quem já tem terminou ou cursa o colégio.
Para Francisco Aparecido Cordão, um dos presidentes do Conselho Nacional de Educação, os dois candidatos erram ao focar, cada um, um único modelo.
"São complementares e têm de conviver. O ensino técnico deve atender tanto ao adulto que precisa se aprimorar profissionalmente quanto ao jovem que quer uma formação diferenciada no ensino médio para o mercado ou a universidade."
Ela promete abrir escolas técnicas nas cidades com mais de 50 mil habitantes. E ele, criar 1 milhão de vagas.
É a etapa da educação voltada para quem quer se especializar numa área --eletrônica, mecânica, informática, enfermagem etc.-- sem cursar uma faculdade.
Embora pareçam concordar plenamente nesse ponto, Dilma e Serra em nenhum momento avisaram ao eleitor que suas concepções de ensino técnico são bem diferentes, quase opostas.
A candidata do PT propõe que a escola tenha cursos técnicos misturados com o ensino médio (antigo 2º grau). O aluno faz um curso só e ganha dois diplomas.
O candidato do PSDB, por sua vez, defende que a escola tenha exclusivamente cursos técnicos. Para entrar, o estudante deve já ter concluído ou ao menos estar cursando (em outra escola) o ensino médio.
Dilma se espelha nas escolas técnicas federais. A promessa de Serra é reproduzir as escolas técnicas do governo de São Paulo.
ESPECIALISTAS
Especialistas em educação encontram vantagens e desvantagens em cada modelo.
A escola de Dilma (médio e técnico integrados), como ponto forte, ajuda a reduzir os elevados índices de abandono do ensino médio.
As disciplinas práticas profissionalizantes -ao contrário dos conteúdos puramente teóricos do ensino médio- conseguem manter os alunos motivados e interessados nos estudos.
"Não é um mero treinamento de habilidades. O aluno aprende [no médio] as bases científicas e epistemológicas do conhecimento [técnico]. Não é só fazer; é pensar. É uma formação mais completa", diz Remi Castioni, professor da Faculdade de Educação da UnB.
Por outro lado, a escola técnica do PT tem mais dificuldade para atualizar seus currículos. Qualquer mudança no currículo técnico exige adaptações também na grade do ensino médio.
"É como o xadrez. Se você mexe uma peça, tem que mexer no jogo todo", compara Nacim Chieco, consultor do Senai e ex-presidente do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. "E o ensino técnico, como segue o mercado de trabalho, requer atualizações constantes."
O modelo de Serra (puramente técnico) é mais barato. Uma vez que não há ensino médio e os cursos são rápidos (um ano e meio, ante os quatro anos do ensino integrado), é preciso ter menos professores e salas de aula. A expansão é mais fácil.
Entretanto, a falta do ensino médio integrado obriga os adolescentes que não têm diploma de nível médio a fazer uma exaustiva dupla jornada: no colégio de manhã e na escola técnica à tarde. As disciplinas de um local e do outro não "dialogam".
"O modelo de São Paulo tem preocupação excessiva com reduzir custos. A formação do estudante é aligeirada. Os professores não conseguem desenvolver bem seus programas", diz Maria Sylvia Simões Bueno, professora da Unesp e organizadora de um livro sobre as escolas técnicas paulistas.
Um curso da escola dos tucanos, segundo ela, tem 1.500 horas de aulas técnicas. Na escola dos petistas, 2.000 horas de aulas, além das horas do ensino médio.
De qualquer forma, o curso técnico de Serra tem algo do modelo petista. Uma parte pequena das vagas é integrada ao ensino médio.
E, da mesma maneira, o curso profissionalizante de Dilma tem, como exceção, algumas vagas sem o ensino médio, para quem já tem terminou ou cursa o colégio.
Para Francisco Aparecido Cordão, um dos presidentes do Conselho Nacional de Educação, os dois candidatos erram ao focar, cada um, um único modelo.
"São complementares e têm de conviver. O ensino técnico deve atender tanto ao adulto que precisa se aprimorar profissionalmente quanto ao jovem que quer uma formação diferenciada no ensino médio para o mercado ou a universidade."
Fonte:
Folha Online
URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/84135/visualizar/
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