Serra e o segredo do Bolsa Família
Ainda no final do governo Fernando Henrique Cardoso, o então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, hoje secretário estadual da Educação, tinha proposto ao Palácio do Planalto uma campanha massiva mostrando como a bolsa-escola (a origem da Bolsa Família) chegava a milhões de famílias. Por trás da campanha, uma intenção: Paulo Renato queria ser candidato a presidente e buscava a aprovação do governo e do partido. Via-se claramente o impacto desse programa, na época chamado pelo PT de bolsa-esmola. Vou além: o PT, no Congresso, dificultou a aprovação do projeto, basta ir nos anais das comissões para comprovar o que estou falando.
O secreto dessa história é o seguinte. O então ministro da Saúde, José Serra, também candidato, não queria adversários e, com seus sólidos contatos palacianos, conseguiu vetar a campanha. Serra, como se sabe, saiu candidato e pouco se usou, na época, a bandeira da bolsa-escola.
Não sei se FHC participou ou soube da decisão. Se não sabe, sugiro que pergunte a seus assessores e vai conhecer a verdade. O que sei é que ele se lamenta (e muito) não ter dado visibilidade a seus programas de renda mínima. Aliás, ele diz que é seu maior erro de comunicação.
O fato é que a campanha não saiu, e o PSDB deixou de atar sua imagem a uma ação que, em larga medida, foi faturada por Lula.
Agora, ironicamente, Serra corre atrás do prejuízo e tenta se apresentar mais pai do Bolsa Família do que o próprio Lula. Pelas pesquisas, vemos que, sem essas ações, Dilma teria muito mais dificuldade de se eleger.
Nessa história toda, a verdade é que a bolsa-escola ganhou o país porque foi lançado, em pequena escala, por Cristovam Buarque, então governador de Brasília, e pelo prefeito de Campinas, José Roberto Teixeira. Virou política pública porque o falecido Antônio Carlos Magalhães criou um fundo de combate à pobreza, que fez com que Paulo Renato pudesse disseminar em todo o país o programa.
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