Irmão de diretor da Eletrobras negocia projetos, afirma jornal
Após denúncia feita pela revista Época deste fim de semana, que aponta que Valter Cardeal, diretor de Planejamento e Engenharia da estatal Eletrobras, "homem de confiança de Dilma Rousseff (PT)", estaria envolvido em uma fraude de 157 milhões de euros, o jornal Folha de S. Paulo deste domingo (17) traz uma nova denúncia, que atinge o irmão de Cardeal, Edgar. De acordo com a publicação, Edgar Luiz Cardeal atua como consultor de empresas interessadas em investir em energia eólica, área que tem previsão de investimento bilionário do PAC2, que prevê a construção de 71 centrais eólicas e três usinas termoelétricas movidas à biomassa. O jornal afirma que Edgar é dono da DGE Desenvolvimento e Gestão de Empreendimentos, criada há três anos com o objetivo de elaborar projetos para o setor.
Valter, apontado como braço-direito da presidenciável petista no setor elétrico há 20 anos, foi diretor da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) quando Dilma era secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. Atualmente, Valter também preside o Conselho de Administração da Eletrosul, que gerencia a política energética do sul, onde seu irmão tem empresa.
Segundo a reportagem, Edgar oferece a empresas projetos para erguer torres de energia eólica em fazendas negociadas por ele. A publicação ouviu o empresário Ricardo Pigatto, sócio de duas empresas do ramo, que afirmou ter contratado Edgar para investir em três parques eólicos no Rio Grande do Sul. Pigatto disse ter firmado três contratos com Edgar, com pagamentos mensais que cobririam estudos para viabilizar o empreendimento. "Estabelecemos um valor fixo com pagamentos mensais, e, depois, uma taxa de sucesso se o negócio dar certo", declarou para o jornal. A taxa de sucesso seria um valor entre 0,2% e 10% se o governo comprar a energia ou se o negócio for vendido a terceiros. O sucesso do projeto não seria garantido por Edgar.
Pigatto contou ao jornal que um dos parques eólicos, em Pinheiro Machado, tem o orçamento de R$ 1 bilhão, e o pagamento para o contrato fechado com Edgar seria de R$ 84 mil, em 23 meses. O projeto só é viabilizado após ser aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétria (Aneel) e vencer um leilão do governo federal, que passaria a ser comprador da energia produzida. Pigatto afirma que três dos seis parques eólicos nos quais está sendo medida a capacidade de produção de energia pelo vento foram intermediados por Edgar.
Valter Cardeal afirma que "nem conversa" com Edgar
A Folha de S. Paulo também ouviu o diretor da Eletrobras, Valter Cardeal - irmão de Edgar -, que afirmou que "nem conversa" com o empresário. "Não posso ter um irmão? Não há absolutamente nenhum conflito. Ele tem a vida dele como engenheiro e empresário. (...) Não devo nada nem fiz nada errado na minha vida. Tenho responsabilidade como gestor público, com as pessoas que eu trabalho e pelo que eu faço pelo nosso país", disse.
Edgar, procurado pela publicação, disse que trabalha no setor elétrico há 42 anos e desde 1997, quando se aposentou, não presta serviço para empresas públicas. O empresário também negou ser "abridor de portas". "Nunca fiz nem faço esse papel".
Ricardo Pigatto também negou que contratar Edgar tenha ajudado a criar atalhos com o poder público. "Não quero contaminar um projeto de boa perspectiva com a questão política", afirmou para a publicação.
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