Três pessoas morreram no estado do Rio por falta de vaga em unidade de terapia intensiva. Estado e município atribuem um ao outro a responsabilidade pela falta de leitos em tempo hábil.
Pacientes morrem enquanto esperavam leitos em UTI no RJ
Na chegada ao hospital em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, a angústia da família Nascimento. Acompanhadas de um oficial de justiça, três mulheres que são filhas de um paciente que aguardava vaga no CTI.
Hamilton Lima do Nascimento, de 58 anos, sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico há dez dias. Desde então, estava numa unidade de pronto atendimento em São João de Meriti.
Hoje à tarde, ele foi transferido junto com outros dois pacientes para um hospital do Estado. Sem saber que estava sendo gravado, o chefe da emergência disse que ia fazer o exame em um dos pacientes, mas que não teria como internar.
A família teve que recorrer à justiça para tentar um leito no CTI. Diante da demora, as filhas se desesperaram.
A família tem medo que o caso de Hamilton termine como a história de uma aposentada de 71 anos que morreu ontem num posto de saúde. Magna dos Santos sofreu um acidente vascular cerebral e não resistiu depois de ficar uma semana à espera de vaga numa UTI.
A família de Magna conseguiu uma ordem da Justiça determinando que a paciente fosse transferida para um hospital. Chegou a dar queixa na delegacia diante da demora.
A secretaria de Saúde de São João de Meriti disse que só recebeu a ordem judicial hoje, mas que passou o fim de semana tentando a transferência e culpou a central de regulação de leitos de não ter conseguido a vaga. A central de regulação de leitos, de responsabilidade do governo do estado, disse que o município levou tempo demais para agir.
“A primeira coisa a fazer em paciente de gravidade é levar pra uma unidade de referência. Não ligue para a central em hipótese nenhuma”, afirma Carlos Alberto Chaves, superintendente da Regulação de Leitos.
“A gente não pode sair com paciente peregrinando por aí”, diz Iranildo Campos Júnior, secretário municipal de Saúde.
“Não sei quem é culpado, quem foi negligente, o posto, o município, o estado, não sei. O fato é que ela não teve o atendimento adequado para o problema que ela tinha e tem pessoas morrendo nessa situação”, afirma Paulo Henrique da Silva, genro de Magna.
Hoje, dois pacientes, que esperavam vagas em UTI, morreram em São João de Meriti. “Deveríamos ter no Brasil em torno de 50 mil leitos. Mas temos um déficit de 110 mil leitos no Brasil”, explica Luiz Aramyci Bezerra, presidente da Federação Brasileira de Hospitais.
Já o Ministério da Saúde diz que há 502.462 mil leitos hospitalares no país, sendo que 5,4% são de UTI, o que estaria dentro da recomendação do governo federal.
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