Internacionalização do Itaú-Unibanco diminui risco de operação, diz Setubal

O Itaú-Unibanco vê no processo de internacionalização uma forma de diminuir o risco das suas operações. Em seminário sobre as perspectivas do país, o presidente do banco, Roberto Setubal, afirmou que o mercado nacional oferece grandes oportunidades e não justificaria a ida ao exterior.

"Por que ir para fora do Brasil se há um mercado enorme? Queremos diminuir o risco. Temos 90% da operação no Brasil", explicou. "Imagine se o Santander estivesse só na Espanha? Ele estaria encrencado".

De acordo Setubal, a entrada em novos países deve demorar. O ritmo do processo, segundo ele, depende das oportunidades de fazer aquisições. "Não é possível começar uma operação do zero, criando agências", reforçou.

Apesar disso, o presidente da instituição ressalta que as operações internacionais serão uma forma de apresentar maiores taxas de crescimento, já que no Brasil o banco possui grande fatia dos clientes e o crescimento deve acompanhar as taxas médias do mercado.

REFORMAS

No debate sobre as condições necessárias para manter o crescimento econômico, Setubal disse ser contra o discurso de reformas estruturais. Ele defende que o governo se esforce nas minirreformas, que levam menos tempo para ser viabilizadas.

"Imagine quanto tempo demoraria uma grande mudança nas leis trabalhistas. É mais fácil fazer as reformas quando as coisas não vão bem", afirmou. Como exemplo, ele citou a Lei de Falências e a regulação do crédito consignado.

Setubal indicou ainda que o novo governo vai precisar fortalecer a política fiscal, com aumento do superavit, para conseguir manter um câmbio mais estável, a possibilidade de reduzir os juros e fazer investimentos em infraestrutura. Para ele, o risco de inflação é baixo para o ano que vem.

"O Banco Central tem um excelente nível de informação e análise. Acho que o Brasil é diferente do que era no passado e isso possibilita que a política monetária faça efeito com menos dose. Não vai precisar subir tanto os juros como no passado.", completou.