Mãe de Mércia desmente Mizael e diz acreditar em condenação
No final do quarto e último dia de audiência de instrução do processo sobre a morte da advogada Mércia Nakashima, a mãe da jovem, Janete Nakashima, afirmou não ter "pressa", mas que acredita na condenação dos réus, o ex-PM Mizael Bispo de Souza, ex-namorado de Mércia, e o vigia Evandro Bezerra Silva.
Janete disse que uma das declarações de Mizael durante seu depoimento é falsa. O ex-PM disse que, antes de desaparecer, Mércia lhe contou que passava por dificuldades financeiras e que a mãe não tinha dinheiro para comprar remédios. Quando Mizael disse isso, a família Nakashim, que acompanhava a audiência no plenário, mostrou indignação
"Eu saio daqui satisfeita, foram muitas contradições, eles só vieram provar que eles são os assassinos da minha filha. O remédio que eu uso é para pressão e custa R$ 37,50. Não sou de família rica, mas eu trabalho e meus filhos trabalham", disse a mãe de Mércia.
BALANÇO
Tanto Ivon Ribeiro, advogado de defesa de Mizael, quanto o promotor Rodrigo Merli Antunes, responsável pela acusação, avaliaram como positivo os quatro dias de audiência.
Para Ribeiro, não houve contradições no depoimento dos dois réus. "O que houve foram lapsos. Os fatos ocorreram há muito tempo, é normal que não lembrem de todos os detalhes", afirmou Ribeiro.
O promotor afirmou que Mizael e Evandro só confirmaram a acusação.
Um ofício pedido ontem pelo juiz Leandro Cano foi respondido hoje pela empresa fabricante do rastreador do carro de Mizael. De acordo com o documento, o equipamento parou de funcionar às 22h38 do dia 23 de agosto. A defesa alegava que o equipamento --usado pela polícia para comprovar o itinerário do ex-PM no dia do desaparecimento de Mércia, 23 de maio-- já apresentava defeitos à época.
Para o promotor, o funcionamento do rastreador e o fato de Mizael ter admitido não frequentar pescarias ou represas reforça os indícios de que a alga encontrada em seu sapato é da represa de Nazaré Paulista (64 km de SP), onde o corpo de Mércia foi encontrado no dia 11 de junho.
O promotor também afirmou que deve fazer um novo pedido de prisão preventiva de Mizael após a pronúncia, caso ela ocorra.
"Nos depoimentos, ficou claro também que diversas testemunhas se sentiram ameaçadas [pelos acusados]. Poucas pessoas falaram na presença dos acusados. Além disso, o Evandro confirmou que Mizael anda armado. Isso tudo pode servir para o decreto de prisão", disse.
Segundo o promotor, o Tribunal de Justiça deve julgar a competência de juízo --se o processo será transferido para Nazaré Paulista ou se fica em Guarulhos-- na próxima semana.
Depois da decisão, o juiz abre prazo para as considerações finais de defesa e acusação, que devem durar de 10 a 20 dias. Então, o magistrado terá mais 10 dias para decidir se os réus irão a juri popular ou não.
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