Dilma x Serra: Erenice, Paulo Preto e Petrobras dominam debate
O ex-diretor do Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, dominaram as discussões entre os candidatos à presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) no debate realizado pela Rede Record, na noite desta segunda-feira (25). Com pouco mais de uma hora e meia e clima mais duro que os embates anteriores, os presidenciáveis insistiram em temas que julgaram ser prejudiciais uns aos outros.
Já em sua primeira pergunta a Dilma, Serra lembrou o caso Erenice, que prestou depoimento na Polícia Federal (PF) na tarde da segunda-feira (25). "Quem fez um contrato mal feito foi o braço direito da Dilma, a Erenice Guerra", afirmou. Ataque prontamente respondido. "O que dizer do Paulo Preto que não depõe?", questionou a petista. "Tem uma lista publicada pela revista Veja em que ele recebe uma mensalidade", afirmou a candidata sobre Paulo.
Como já havia feito, Serra voltou a criticar o apelido dado a seu ex-diretor. "Primeiro o apelido que vocês colocaram é preconceituoso e racista. Vocês inventaram uma coisa de que teria havido uma contribuição para minha campanha que eu não teria recebido e ele teria recebido", diz o tucano. Mas Dilma não se faz de rogada e pediu investigação da Polícia Civil de São Paulo deveria investigar Paulo Vieira de Souza por conta de receptação de um bracelete que teria sido roubado. "Tem gente que acoberta e considera a pessoa que fez o mal feito competente", afirmou a petista.
O tucano foi mais firme em sua tréplica, dizendo que a ideia da petista é dizer "que é todo mundo igual na política". "Ela teve como braço direito durante sua gestão de Minas e Energia e na Casa Civil uma mulher que montou um amplo esquema de corrupção", afirmou, acrescentando que Dilma foi testemunha de José Dirceu.
A referência aos membros do corpo, normalmente utilizada para denominar parceiros e pessoas próximas, foi ironizada por Dilma, encerrando a discussão no primeiro bloco. A petista insinuou que Serra teria ligações mais sérias com Paulo Preto do que parece normalmente: "é braço direito, esquerdo e, se duvidar, a cabeça". "O senhor Paulo Vieira de Souza ameaçou o candidato que não o conhecia no dia, e depois de ameaçado, passou a conhecer", acusou.
Se o primeiro bloco foi dominado pela troca de acusações éticas, a estatal Petrobras foi a "bola da vez" no segundo. O candidato tucano questionou Dilma sobre as acusações que faz em sua campanha de que ele privatizaria o pré-sal. "A candidata Dilma, em seus comerciais, tem dito mentirosamente que eu vou privatizar o petróleo e o pré-sal. Ela entregou exploração de petróleo para 108 empresas privadas, metade estrangeira e metade nacional. Não é coerente a acusação que ela me faz", afirmou.
Em resposta, Dilma chamou o pré-sal de "bilhete premiado", e disse que após sua descoberta, os leilões foram suspensos e o modelo de concessão foi mudado. "Nós podemos dividir a história do pré-sal em dois momentos: antes do pré-sal e depois do pré-sal", disse a candidata. "Eu acho estranho que você negue que não queira privatizar o pré-sal, e hoje mesmo, uma pessoa importante do PSDB declarou que está errado o modo como operamos a Petrobras", afirmou a petista.
Serra afirmou ainda que Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República, comanda operações da BR Distribuidora, da Petrobras. "O Collor de Mello, que foi presidente do Brasil deposto por corrupção, que hoje apoia Dilma fanaticamente, comanda operações da BR distribuidora, da Petrobras".
MST
No terceiro e último bloco, Dilma foi questionada sobre seu posicionamento frente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), considerado pelo tucano como um "movimento político". Apoiada abertamente pelo movimento, a petista se disse favorável à reforma agrária no País e afirmou que não trata nenhum movimento social "com cacetete ou repressão", lembrando os episódios envolvendo policiais civis e professores quando Serra governava o Estado de São Paulo. "Jamais aceitaremos aquele acontecimento dramático como de Eldorado dos Carajás", acrescentou Dilma.
Serra lembrou que Dilma chegou a dizer que jamais vestiria o boné do MST e depois vestiu o boné. "Hoje (o MST) está nos jornais. E disseram que assim que passar as eleições vão voltar as invasões", afirmou o candidato. Serra disse ainda que o movimento usa a reforma agrária como pretexto para desrespeitar a Justiça e promover destruições.
Dilma rebateu citando programas desenvolvidos pelo governo Lula, como o Luz Para Todos. "Compramos diretamente do agricultor. Demos assistência técnica. Criamos todas as condições para que o pequeno agricultor tivesse acesso ao crédito", disse a petista. "Não está certo você achar que o MST é questão de polícia. MST é questão de política pública", acrescentou.
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