Chanceler de Saddam Hussein é condenado à morte no Iraque
O ex-chanceler e ex-vice-premiê iraquiano Tariq Aziz, que por muitos anos representou o governo de Saddam Hussein (1979-2003) no exterior, foi nesta terça-feira condenado à morte pela Suprema Corte do Iraque.
Segundo um comunicado oficial, Aziz foi sentenciado por crimes relacionados à perseguição de partidos xiitas nos anos 1980 e 1990. Aziz, entretanto, ainda pode apresentar recurso contra a sentença, que tem de ser confirmada por um conselho presidencial.
Outras duas autoridades também receberam a mesma sentença de Aziz: o ex-ministro do Interior Sadoun Shakir e o ex-secretário particular de Saddam, Abed Hamoud.
Aziz, 74, se rendeu aos Estados Unidos após a invasão do Iraque, em 2003. Em 2009, foi condenado a 15 anos de prisão pelo assassinato de dezenas de comerciantes iraquianos durante a Guerra do Golfo (1991).
Cinco meses depois, recebeu nova condenação, de sete anos, por seu papel no deslocamento forçado da população curda do norte do Iraque.
Debilitado
O ex-chanceler foi o cristão que ocupou o cargo de mais alto escalão dentro do governo de Saddam, de quem era um assessor próximo.
Fluente em inglês, ele representava a face suave do governo iraquiano perante a comunidade externa e é uma das poucas figuras remanescentes do antigo regime.
O ex-chanceler já sofreu um ataque cardíaco e acredita-se que sua saúde esteja bastante debilitada.
Seu filho, Ziad Aziz, nega que o pai seja culpado e diz que sua sentença é um ato de “vingança”.
“Ele foi um político, ele lidava com a mídia. Ele não lidava com a segurança (do Iraque)”, disse Ziad na Jordânia à BBC. “Querem matar todos os que pertenceram ao antigo governo.”
Saddam Hussein, um muçulmano sunita, reprimiu fortemente a oposição xiita, incluindo o partido Dawa, do atual premiê iraquiano Nuri Al-Maliki.
O correspondente da BBC em Bagdá Jim Muir relata que há um ódio visceral dentro do atual governo pelos apoiadores do antigo regime, que reprimia a maioria xiita do país.
Mas muitos não veem Aziz como culpado – como cristão, ele nunca deteve tanto poder quanto o clã sunita ao redor de Saddam –, e é possível que se forme um lobby para evitar sua execução.
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