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Feministas dão aval a recuo de Dilma sobre aborto
"Eu entendo e faria a mesma coisa." Quem fala é Rose Marie Muraro, patrona do feminismo nacional, e o tema é o recuo da presidenciável Dilma Rousseff (PT) sobre a descriminalização do aborto. "Há oito anos [de governo] para isso, ou quatro que seja. Não é o fim do mundo", diz.
Como Muraro, outras feministas --petistas declaradas, intelectuais e integrantes de ONGs-- manifestaram à Folha apoio à candidata, mesmo que isso signifique apoiar alguém cujo discurso enverede pela rejeição de uma das bandeiras mais caras ao movimento de mulheres.
A defesa intransigente da liberação do aborto perdeu espaço frente à "onda conservadora", dizem. O coro é que, sob pressão religiosa, não é hora para o assunto.
"Numa campanha eleitoral só traz esse tema quem quer queimar o movimento feminista", afirma Maria Laura Pinheiro, ex-secretária-adjunta da SEPM (Secretaria de Políticas para as Mulheres) e coordenadora da comissão tripartite que fez o projeto de lei da descriminalização do aborto, em 2005.
A questão é "secundária no processo eleitoral", classifica Clara Ant, assessora licenciada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora na campanha de Dilma.
Se não abarcou essa demanda feminista durante sua campanha, pelo menos Dilma trata a questão como de saúde pública, defende Maria Lucia da Silveira, socióloga e militante da Marcha Mundial de Mulheres.
"O correto é dizer sou contrário à criminalização. E é o que ela está falando", diz.
Afirmar que aborto não é caso de polícia é, justamente, o discurso adotado recentemente por Dilma, depois que a candidata foi bombardeada por setores religiosos e recuou da defesa da descriminalização do aborto --posição declarada há três anos.
Se não fosse a polêmica criada em torno do assunto, a eleição seria a "melhor das oportunidades" para tratar da legalização do aborto, defende Natalia Mori, da ONG Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria).
O aborto, porém, não foi a única ausência sentida. "Ainda caminhamos para a construção do que significa ser uma candidatura que apoie os direitos das mulheres. Dilma e Marina [Silva, PV] muito pouco fizeram. Mas se aproximam mais que os demais candidatos", diz.
As feministas consultadas rejeitaram que o apoio à Dilma, mesmo que sem a defesa da legalização do aborto, seja voltar atrás em suas bandeiras.
"Não cabe num programa de governo a legalização do aborto. Uma coisa são as nossas bandeiras, outra é o programa de governo", diz Suely de Oliveira, ex-secretária de articulação institucional da SEPM e colaboradora do programa de Dilma.
Para Oliveira, cabe ao Congresso a discussão do tema. Dilma, por outro lado, como potencial gestora, deveria focar no atendimento a quem aborta.
Rosane da Silva, secretária nacional da mulher trabalhadora da CUT (Central Única dos Trabalhadores), conclui o assunto da seguinte forma: "Mesmo o Lula, presidente da República, não fez a revolução no mundo do trabalho, ele fez o que era possível e estava dentro dos parâmetros da legalidade. E é assim que a companheira Dilma vai se comportar".
Como Muraro, outras feministas --petistas declaradas, intelectuais e integrantes de ONGs-- manifestaram à Folha apoio à candidata, mesmo que isso signifique apoiar alguém cujo discurso enverede pela rejeição de uma das bandeiras mais caras ao movimento de mulheres.
A defesa intransigente da liberação do aborto perdeu espaço frente à "onda conservadora", dizem. O coro é que, sob pressão religiosa, não é hora para o assunto.
"Numa campanha eleitoral só traz esse tema quem quer queimar o movimento feminista", afirma Maria Laura Pinheiro, ex-secretária-adjunta da SEPM (Secretaria de Políticas para as Mulheres) e coordenadora da comissão tripartite que fez o projeto de lei da descriminalização do aborto, em 2005.
A questão é "secundária no processo eleitoral", classifica Clara Ant, assessora licenciada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora na campanha de Dilma.
Se não abarcou essa demanda feminista durante sua campanha, pelo menos Dilma trata a questão como de saúde pública, defende Maria Lucia da Silveira, socióloga e militante da Marcha Mundial de Mulheres.
"O correto é dizer sou contrário à criminalização. E é o que ela está falando", diz.
Afirmar que aborto não é caso de polícia é, justamente, o discurso adotado recentemente por Dilma, depois que a candidata foi bombardeada por setores religiosos e recuou da defesa da descriminalização do aborto --posição declarada há três anos.
Se não fosse a polêmica criada em torno do assunto, a eleição seria a "melhor das oportunidades" para tratar da legalização do aborto, defende Natalia Mori, da ONG Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria).
O aborto, porém, não foi a única ausência sentida. "Ainda caminhamos para a construção do que significa ser uma candidatura que apoie os direitos das mulheres. Dilma e Marina [Silva, PV] muito pouco fizeram. Mas se aproximam mais que os demais candidatos", diz.
As feministas consultadas rejeitaram que o apoio à Dilma, mesmo que sem a defesa da legalização do aborto, seja voltar atrás em suas bandeiras.
"Não cabe num programa de governo a legalização do aborto. Uma coisa são as nossas bandeiras, outra é o programa de governo", diz Suely de Oliveira, ex-secretária de articulação institucional da SEPM e colaboradora do programa de Dilma.
Para Oliveira, cabe ao Congresso a discussão do tema. Dilma, por outro lado, como potencial gestora, deveria focar no atendimento a quem aborta.
Rosane da Silva, secretária nacional da mulher trabalhadora da CUT (Central Única dos Trabalhadores), conclui o assunto da seguinte forma: "Mesmo o Lula, presidente da República, não fez a revolução no mundo do trabalho, ele fez o que era possível e estava dentro dos parâmetros da legalidade. E é assim que a companheira Dilma vai se comportar".
Fonte:
Folha Online
URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/82588/visualizar/
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