José Serra finaliza, mas não registra programa de governo
Após passar dois meses sendo revisado, a campanha de José Serra (PSDB) à Presidência finalizou anteontem um programa de governo que não será apresentado aos eleitores nem registrado oficialmente.
O calhamaço com 280 páginas está dividido em 20 temas e contém 118 propostas. Foi entregue para Serra no dia 1º de setembro. Desde então, o tucano vinha fazendo revisões nas propostas.
"Foi uma opção do marketing da campanha. Por mim, lançava antes", disse Xico Graziano, ex-secretário do governo Serra em São Paulo e responsável pela coordenação do programa.
Segundo Graziano, outro motivo para que o programa detalhado não tenha sido divulgado antes foi o fato de a campanha de Dilma Rousseff (PT), segundo ele, "copiar" propostas tucanas.
O texto faz um compilado de propostas apresentadas pelo candidato nos programas de TV e dedica boa parte do espaço a atacar a gestão do setor energético do governo, especialmente da Petrobras, área que esteve sob gerência da adversária.
Serra afirma que "a Petrobras vem sendo utilizada pelo governo do PT para atender vieses ideológico-partidários, por meio de acordos internacionais prejudiciais à empresa". Diz ainda que há "direcionamento de seus investimentos para agradar padrinhos políticos".
PRÉ-SAL
A campanha tucana fala em rever a criação da Pré-Sal Petróleo. "O governo do PT propôs mudar o marco legal de exploração do petróleo simplesmente para fortalecer um discurso vazio e ideológico. O modelo proposto representa um voto desconfiança na Petrobras, retarda a exploração do pré-sal e traz insegurança para o setor."
No segundo turno, uma das principais linhas de ataque de Dilma foi o discurso de que Serra pretende privatizar a Petrobras se eleito, o que ele nega.
A petista foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras de 2003 até o início deste ano.
O programa de Serra sugere mudanças estruturais na Petrobras, como a revisão do plano de cargos e salários dos funcionários e combate ao aparelhamento político.
Também há críticas à gestão do setor elétrico em outras frentes, como o acordo com o Paraguai sobre compra de energia de Itaipu e o que chama de "matriz elétrica cada vez mais suja".
"No setor elétrico, os descalabros vividos nos últimos anos implicarão, sob distintas óticas, em altos custos para o país", diz.
Foi desse calhamaço que Serra pinçou duas de suas principais promessas de campanha: reajustar o valor do salário mínimo para R$ 600 a partir de janeiro e conceder aumento de 10% para aposentados e pensionistas.
O texto também enfatiza outras propostas apresentadas por Serra durante a campanha, como a criação dos ministérios da Segurança e da Pessoa com Deficiência. Propõe ainda uma pasta para logística, no âmbito do Ministério dos Transportes e da Secretaria de Portos.
Fala também na utilização de um auxiliar para cada professor no 1º ano do ensino fundamental, na ampliação do Bolsa Família --além de instituir um 13º no programa-- e na retomada dos antigos mutirões da saúde.
Em diversos trechos, Serra diz que pretende acabar com loteamento político de cargos, como em estatais, no Incra e nos Correios, este alvo de crise recente.
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