Falta de perspectiva e brancos alcoólatras levam dependência química à aldeias
Vários são os fatores que favorecem o aumento do consumo de álcool e drogas nas aldeias Karajá de Mato Grosso e Tocantins. O relatório final do seminário promovido pelo Ministério Público Federal do Estado de Tocantins e realizado em Mato Grosso, no município de São Félix do Araguaia, aponta como principais causas da alta incidência do abuso de álcool as festas animadas com forró, amizade com índios e brancos alcoólatras, exemplo de pais a crianças e jovens, falta de emprego e perspectiva de vida, busca de esquecimento das consequências do envolvimento da cultura do branco, desvalorização da família e do casamento, perda de auto estima cultural, busca da sensação de poder, auto-afirmação para conquistas amorosas e falta de ocupação para o corpo e a mente.
Os próprios indígenas pontuaram as causas e conseqüências da dependência química e consideram a situação um problema comunitário e fora do controle da comunidade e órgãos governamentais. As principais conseqüências relatadas são suicídios, homicídios, afogamentos, ingestão de álcool de farmácia, agressões, acidentes no trabalho, alucinações, inércia, apatia, medo generalizado na aldeia, perda da auto estima e de valores morais.
Entre as soluções que dependem de maior elaboração e articulação estão a implantação de uma casa de segurança, inclusão no orçamento da Funasa mais recursos para tratamento, incentivo ao esporte, lazer, produção artística e cultura tradicional com implementação de centros de atividades e implementação de centro de recuperação na terra indígena, a 30 km das aldeias.
Também foi sugerido, ao final do evento, a criação do conselho tutelar indígena, presença de especialistas em saúde mental nas aldeias, realização de um segundo seminário para debater os resultados dos primeiros esforços e efetivar novas medidas, se necessário, buscar alternativas para presença de policiamento nas aldeias.
Os próprios indígenas também consideram importante a implementação de ensino médio profissionalizante nas aldeias, escolas com quadras de esporte e laboratórios de informática, acesso a recursos governamentais como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
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