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Política
Terça - 02 de Novembro de 2010 às 15:05

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Os eleitores brasileiros optaram pela continuidade do lulismo através de Dilma Rousseff, mas a decepção com a próxima presidente será inevitável, na avaliação de um editorial publicado nesta terça-feira pelo diário britânico The Guardian.

Inevitavelmente, ela decepcionará. Após dois mandatos, Lula tem o status de uma entidade divina no país, afirma o editorial.

O jornal comenta que Lula conseguiu tirar 20 milhões de brasileiros da pobreza extrema, elevar 30 milhões à classe média e reduzir o desemprego a níveis recordes, em uma mudança que os brasileiros puderam sentir.

Para o Guardian, Dilma é uma tecnocrata de estilo rápido e direto e assumirá a Presidência em circunstâncias diferentes e com habilidades diferentes.

As questões administrativas de sua Presidência não devem lhe apresentar dificuldade, mas as políticas poderão. A bajulação e a sedução não são seu melhor papel, apesar de chegar ao poder com maiorias nas duas casas do Congresso, diz o texto.

O jornal afirma ainda que o boom econômico vivido pelo Brasil pode também trazer desafios, com a ameaça de desindustrialização caso o país se acomode como exportador de commodities e não invista em seu setor manufatureiro.

Para isso, o país precisa combater os problemas mais difíceis, como salários, aposentadorias, sistema tributário e dívida pública, os quais Lula mostrou pouco desejo de reformar, diz o Guardian.

Para o jornal, o trabalho de Dilma foi facilitado, mas ela deve enfrentar uma lua-de-mel com os eleitores mais curta do que a que Lula teve. Ainda assim, o diário conclui seu editorial afirmando que a questão importante é que a visão de uma nação que tira milhões da pobreza enquanto sua economia cresce seja mantida viva.

PAÍS DIFERENTE

Também em editorial, o diário econômico britânico Financial Times adota linha parecida ao afirmar que os próximos quatro anos serão mais difíceis para Dilma do que foram os primeiros anos de Lula.

Para o jornal, apesar de continuidade ser a palavra da hora no Brasil, Dilma e Lula são pessoas com personalidades muito diferentes, o que deve deixar o país também diferente sob o novo comando. Seria uma coisa ruim se não fosse diferente, diz o editorial.

Para o FT, o carisma de Lula e sua capacidade para praguejar contra algo de manhã e elogiar à tarde" permitiram a ele superar obstáculos como os escândalos de corrupção durante seu governo.

O jornal avalia que Dilma poderá ter dificuldades para manter coesa sua coalizão, a não ser que Lula mexa seus pauzinhos nos bastidores, o que poderá trazer seus próprios problemas.

O editorial adverte ainda sobre os perigos da frágil recuperação econômica mundial, do aumento dos gastos públicos e dos juros altos, que ajudam a inflar o fluxo de divisas para o país, num momento em que as autoridades brasileiras se dizem preocupadas com a guerra cambial.

O diário comenta ainda que Dilma terá também mais dificuldades do que Lula em sua política externa. Uma coisa é Lula abraçar o presidente do Irã em nome da paz e do amor. Outra coisa seria a dura Dilma tentar o mesmo e sair incólume, diz o jornal.

Para o FT, o Brasil sem Lula pode ser tornar mais turbulento e menos popular. Mas isso também poderia mostrar que o país está se tornando mais aberto, democrático e maduro, conclui o jornal.
 






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