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Internacional
Sábado - 06 de Novembro de 2010 às 07:12

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Milhares de birmaneses fogem da perseguição política e dos conflitos armados de Mianmar e se refugiam na Tailândia, onde não escapam da extrema pobreza.
Ao longo da fronteira entre os dois países, há extensas plantações agrícolas nas quais trabalham centenas de birmaneses transformados em mão-de-obra barata em tarefas que a maioria dos tailandeses despreza.

"Sempre estou pensando em retornar, mas não é fácil. Os que vivem aqui não querem ficar por muito tempo, mas precisamos do dinheiro", explica War War Thein, moradora de Phop Phra, comunidade tailandesa situada a 40 quilômetros da fronteira.

A pequena aldeia se amontoa ao redor da irrigação de uma plantação de rosas, onde só vivem imigrantes ilegais birmaneses que trabalham sem descanso em troca de 2 euros por dia.

Emigrar é a única opção para fugir da crise e da fome em um país que antes da Segunda Guerra Mundial era o primeiro exportador de arroz do mundo.

As reservas de gás e petróleo, e os investimentos da China, Índia e da própria Tailândia, garantem enormes fundos para a Junta Militar que, no entanto, dedica uma mísera quantidade para atender as necessidades da população.

Agricultura, construção e coleta de lixo são alguns dos postos de trabalhos que os birmaneses ocupam na Tailândia.

"Colhemos rosas e cultivamos verduras para o dono do terreno que vende tudo para o mercado de Mae Sot", explica War War Thein.

De acordo com ela, os fazendeiros podem pedir permissões para regularizar os trabalhadores, mas são casos raros. War War Thein teve mais sorte que seus vizinhos porque trabalha como professora e recebe um salário de ONGs, entre elas a espanhola Colabora Mianmar, que cuida de várias escolas voltadas para os filhos de imigrantes.

As autoridades tailandesas toleram a presença dos birmaneses, mas não os vêem com bons olhos, enquanto as detenções e deportações por parte da Polícia são quase tão frequentes como as extorsões e subornos que os agentes cobram para libertá-los "O povo aqui não tem permissão, está em situação ilegal. Às vezes a Polícia os devolve para Mianmar, mas eles retornam no dia seguinte. Assim é a vida de um verdadeiro imigrante birmanês", explica Ángel, um monge que após a "Revolução de Açafrão" de 2007 se refugiou na comunidade, onde trabalha para as ONG.

A "Revolução de Açafrão" foi o nome que recebeu a multidão de milhares de birmaneses organizada por monges budistas que saíram às ruas para pedir democracia em 2007 e que foram esmagados pelo Exército.

"Eles não têm nenhuma proteção. A Polícia tailandesa pode fazer o que bem entender", assegura Ashin Sopaka, um monge ativista que se dedica a ajudar seus compatriotas.

Em todo o momento são vistos homens e mulheres birmaneses circulando pela calçadas nos arredores, com seus vestidos e chapéus tradicionais, carregando pacotes ou trabalhando no campo.

"Mais de uma vez a Polícia foi atrás de nós e tivemos que sair todos correndo para o campo", explica a birmanesa Whay.

"As eleições não me interessam, nem sei quem são. Eu gostaria de viver em meu país, mas lá não há trabalho", acrescenta Whay, sobre as eleições de Mianmar marcada para domingo, a primeira após 20 anos.





Fonte: EFE

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