Haiti escapa de tempestade, mas segue precisando de ajuda urgente
Autoridades do governo e voluntários se mostraram aliviados pelo furacão, agora uma tempestade tropical sobre o Atlântico, ter poupado os acampamentos lotados da capital do Haiti, que abrigam 1,3 milhão de sobreviventes do terremoto.
Tomas contornou o oeste do Haiti na sexta-feira, inundando algumas cidades da costa e encharcando campos de refugiados na capital Port-Au-Prince, com a chuva que caiu durante a noite.
Seis pessoas morreram, todos fora da capital, disse o governo no sábado, corrigindo a informação de sexta-feira, que dizia que sete pessoas haviam morrido. Cerca de 10 mil pessoas deixaram voluntariamente suas casas para escaparem das enchentes, segundo o comunicado.
Isso foi um prejuízo leve, comparado com a destruição que tempestades e furacões impuseram ao país mais pobre do hemisfério ocidental, em 2004 e 2008, matando milhares de pessoas. Mais de 250 mil pessoas morreram no terremoto de 12 de janeiro deste ano.
Autoridades da ONU disseram que o Haiti teve sorte por não ter sido mais atingido pelo Tomas, um furacão que chegou tarde, na movimentada temporada de furacões do Atlântico deste ano.
As pessoas estavam bem preparadas, houve uma boa cooperação entre o governo e as entidades de ajuda, e nós evitamos o pior, disse Elizabeth Diaz, porta-voz do escritório de coordenação de assunto humanitários da ONU.
Depois de encharcar o Haiti com chuvas, ondas e vento, Tomas seguiu para as ilhas Turcas e Caicos, mais cedo neste sábado. Não há informações de danos sérios ou vítimas.
Ao meio dia de sábado, Tomas estava se movendo para o nordeste, sobre o Atlântico e já não representava nenhum perigo em terra firme.
Embora tenha poupado o Haiti de vítimas e destruição generalizada, o furacão causou uma grande confusão semanas antes das eleições legislativas e presidenciais, marcadas para 28 de novembro. As autoridades eleitorais decidiram não adiar a votação.
Com a inundação de uma série de locais, os voluntários estão preocupados que uma epidemia de cólera, que já dura duas semanas, matou mais de 440 pessoas e infectou mais de 6.700, piore. A doença que causa diarreia e pode matar é transmitida por água e alimentos contaminados.
Agências de ajuda humanitária se apressaram em enviar água potável e comida para as áreas afetadas pelas enchentes.
Uma das áreas mais atingidas foi Leogane, uma cidade ao oeste de Port-Au-Prince, que já havia sido muito castigada pelo terremoto de janeiro. Cerca de 90 mil pessoas já estavam morando em acampamentos.
Também houve notícias de inundações nas cidades costeiras de Les Cayes, Jacmel, e Gonaives.
APELO
A instituição de caridade inglesa, Save the Children, disse que as águas da enchente em Leogan afetaram cerca de 35 mil pessoas, transformando ruas em rios, destruindo bens e derrubando barracas.
As pessoas estão nos dizendo que precisam de água limpa e comida. Essa cidade foi dizimada pelo terremoto e é essencial que consigamos ajuda para essas famílias, rapidamente, disse Gary Shaye, diretor do Save the Children no Haiti.
Milhares de crianças de Leogane estão agora correndo um risco maior de contrair doenças como cólera e malária, disse ele.
O governo do Haiti e as Nações Unidas pediram US$ 19 milhões a doadores na sexta-feira, para cobrir necessidades urgentes.
Enviado pelo exército dos Estados Unidos para ajudar nas operações de assistência no Haiti, o navio anfíbio USS Iwo Jima estava pronto para enviar helicópteros, veículos de desembarque, engenheiros e profissionais de saúde, disseram autoridades americanas.
A prioridade agora é ajudar as pessoas, disse o primeiro-ministro do Haiti Jean-Max Bellerive. O presidente René Perval estava visitando a costa sul do país, de helicóptero, para avaliar os danos.
Em Port-Au-Prince, que ainda está sofrendo pelos danos do terremoto de janeiro, centenas de milhares de sobreviventes desabrigados, enfrentaram a tempestade debaixo de tendas e lonas encharcadas pela chuva.
A Jamaica escapou do furacão Tomas, mas as chuvas forçaram a evacuação de milhares de pessoas no leste de Cuba e da República Dominicana, vizinha do Haiti na ilha de Hispaniola.
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