Após 5 dias, índios desbloqueiam rodovia no Maranhão
Os índios da etnia guajajara liberaram a BR-226 na manhã desta sexta-feira (12), após cinco dias de bloqueio. A interdição era um protesto contra a falta de repasse de recursos para a educação nas aldeias da reserva.
A rodovia federal passa em meio à terra indígena Cana Brava e liga dos municípios de Grajaú e Barra do Corda (572 e 456 km de São Luís).
O chefe da divisão de apoio técnico da Funai (Fundação Nacional do Índio) Cristóvão Marques da Silva disse que os índios concordaram em liberar a rodovia e vão negociar uma data para que um grupo vá até São Luís apresentar a pauta de reivindicações.
Eles querem regularidade no repasse de recursos para as empresas que prestam serviço no transporte escolar e no fornecimento de merenda, o pagamento de professores e a conclusão de obras em escolas.
Segundo Silva, com a repercussão do protesto, os guajajara passaram a pedir também mais qualidade no atendimento à saúde indígena prestado pela Funasa (Fundação Nacional do Índio) e a negociação do uso da terra indígena para a passagem da rede elétrica da Eletronorte, que corta a reserva de Cana Brava.
"Todas essas reivindicações são antigas e há muito tempo eles tentam negociar. Não defendemos a atitude deles, mas os envolvidos devem ter um olhar mais delicado para as questões indígenas", disse Silva.
Com o protesto, diversos caminhões ficaram parados na estrada e alguns foram apreendidos pelos índios como forma de aumentar a pressão para as negociações. Não houve saque das cargas, segundo Júlio Henriques, inspetor da Polícia Rodoviária Federal.
Ontem o gabinete de gestão integrada do governo fez uma reunião entre representantes do Ministério da Justiça, das polícias Civil, Militar e Federal e da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para planejar uma ação conjunta de liberação da rodovia. Houve reforço de policiamento com viaturas e helicópteros. A Secretaria de Segurança Pública do Maranhão não soube informar qual o número do contingente de policiais envolvidos na operação.
FERIDOS
No domingo, início do protesto, um delegado da Polícia Civil ficou ferido ao tentar passar pela barreira feita pelos índios. Ele foi atingido por cinco tiros e teve o dedo anelar decepado. Apesar dos ferimentos, ele não corre risco de morte.
Quatro índios --entre eles um adolescente-- também ficaram feridos por disparos feitos pelo delegado. De acordo com Maria de Jesus dos Santos, diretora técnica do Hospital Presidente Dutra, um deles está em estado gravíssimo.
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