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Internacional
Sábado - 13 de Novembro de 2010 às 11:29
Por: ROBERTO KAZ

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Desde que começou a ser pensado, em 1998, o programa municipal Biblored --ao qual se incorporam, hoje, outras 17 casas de leitura-- teve como pano de fundo a construção de quatro megabibliotecas --três bancadas com dinheiro público e a última, com capital privado.

Em 2002, as duas maiores --El Tintal e El Tunal-- foram visitadas pelo empresário Julio Mario Santo Domingo, 86, homem mais rico da Colômbia, com fortuna avaliada em US$ 6 bilhões pela Forbes (cerca de R$ 10 bi).

De acordo com artigo publicado na Semana, principal revista do país, após quatro horas de uma visita planejada para durar uma, Julio Mario Santo Domingo disse a seu filho: É assim que os países dão passos adiante, com projetos como esses. Temos que fazer algo.

Em maio de 2010, o Centro Cultural Biblioteca Pública Julio Mario Santo Domingo foi finalmente inaugurado. A instituição, bancada com uma doação de US$ 27 milhões de Santo Domingo, tem 470 postos de leitura e 36 mil livros, além de dois teatros --sendo um deles para a Filarmônica de Bogotá.

O projeto é do arquiteto Daniel Bermudez, 59, que havia se encarregado, anteriormente, de fazer outras três bibliotecas da Biblored. "Seis anos atrás, recebi um telefonema de Julio Mario Santo Domingo, propondo que eu fizesse a quarta megabiblioteca. Foi a primeira vez que vi uma doação dessa magnitude na Colômbia. Me senti voltando à época do mecenato renascentista", recordou à Folha.

Bermudez sugeriu, de pronto, que a biblioteca fosse acompanhada de um teatro. "Assim o lugar seria frequentado pela dama da elite, que paga US$ 150 por um concerto, e pela criança do subúrbio, que não vê esse montante em seis meses. A arquitetura é mais sobre pensamento que sobre desenho", ensina. O orçamento triplicou. "Mas a família nunca reclamou", completa.

  Marcelo Justo/Folhapress  
A biblioteca Julio Mario Santo Domingo
A biblioteca Julio Mario Santo Domingo

O complexo cultural, que é hoje administrado pelas secretarias municipais de Educação e Cultura, está localizado em uma avenida vazia, entre Suba e Usaquén, bairros de classe média. "A ideia é que a rua se encha de edifícios em alguns anos. Pensamos em um futuro próximo", disse Bermudez.

Marcela Caro Sandoval, diretora da biblioteca, diz que o projeto não foi pautado apenas por classes sociais. "Se pensou em geografia. Em terrenos onde pudéssemos colocar uma biblioteca e um parque, em vez de colocar apenas um parque."

Yolanda Nieto, diretora da Biblored, defende a tese, acrescentando: "Essas bibliotecas são programas sociais. Não foram feitas para acadêmicos, mas para famílias. Tanto que os picos de público ocorrem nos finais de semana. As pessoas têm ido passear nas bibliotecas".

Desde que foi aberta ao público, em maio, a Julio Mario Santo Domingo recebeu 360 mil visitas.

No Brasil, a recém inaugurada Biblioteca de São Paulo, construída sobre as ruínas do presídio do Carandiru, recebeu 220 mil visitantes no mesmo período.

Já os números da Biblioteca Nacional, no Rio, são dramáticos. Em 2009, o principal acervo bibliográfico do país foi consultado por 85.298 pessoas.

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