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Internacional
Segunda - 15 de Novembro de 2010 às 13:38

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Um artista grafiteiro intriga os parisienses desde 2006, pintando, às escondidas, véus sobre personagens de painéis publicitários no metrô da capital francesa.

Com uma caneta preta, o artista, conhecido como Princess Hijab (princesa Hijab --um dos véus do mundo islâmico) cobre o rosto e parte do corpo de modelos femininos e masculinos em anúncios, deixando apenas os olhos a vista.

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"Eu me aproprio de símbolos, no caso, a publicidade e o véu. Com isso, construo a minha alegoria. É um pouco como um ritual, uma performance urbana", explica o artista, pelo telefone, à BBC Brasil.

"No início, eu ficava esperando para ver a reação das pessoas. Algumas se chocavam, outras se espantavam ou ficavam intrigadas com aquilo", conta o artista de rua.

SEXO?

Princess Hijab cultiva um certo mistério sobre sua identidade e recusa-se, inclusive, a dizer se é homem ou mulher.

Ele costuma a aparecer em público, vestido de casaco de moletom e cobrindo a cabeça com um capuz, escondendo o rosto por trás de longas mechas de cabelo compradas em salões de beleza afros da capital.

Sua voz é andrógina, mas as mãos e os braços pouco delicados aumentam as dúvidas sobre seu sexo, que prefere não revelar.

O artista explica que a ideia de "niqabizar" (niqab é o véu que deixa apenas os olhos de fora) modelos em anúncios no metrô surgiu em 2006, quando trabalhava com moda. "Eu já fazia roupas que cobriam todo o corpo. Era um pouco como uma burca, mas bem colada ao corpo", conta.

"Paris é a capital da moda. É um ato forte fazer isso aqui", resume Princess Hijab.

ISLAMISMO

O véu islâmico foi protagonista de um grande debate no país, que resultou na sua proibição. Para vários políticos franceses, o uso do véu contraria princípios "republicanos" e os valores de laicidade do país.

A proibição, em setembro deste ano, do uso do véu islâmico cobrindo todo o rosto em lugares públicos do país, causou protestos em parte da comunidade muçulmana e tem sido utilizada por militantes islâmicos como motivo de ameaças de atos extremistas contra o território francês.

Princess Hijab admite que seu trabalho "causou um pouco de incômodo no início e poucas pessoas queriam falar dele".

Ele prefere se manter à margem do debate e se recusa, inclusive, a responder se é muçulmano.

"Eu me posiciono como artista. Nunca pretendi ser a bandeira de uma comunidade", conclui. 






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