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Internacional
Terça - 16 de Novembro de 2010 às 06:36

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Empresários e ex-presidentes se mostraram nesta segunda-feira em Buenos Aires otimistas em relação ao "enorme potencial" que a América Latina tem para se expandir a partir de condições macroeconômicas "saudáveis", em contraste com o pessimismo e os descensos entre os países desenvolvidos para sair da crise.

No marco de um fórum organizado pelo Círculo de Montevidéu, o magnata mexicano Carlos Slim assegurou que em 15 anos as maiores economias latino-americanas sairão do subdesenvolvimento graças a um crescimento sustentado.

"As oportunidades que a América Latina tem são enormes. Nossos países estão bem macroeconomicamente, temos instituições financeiras muito saudáveis e pouco uso do crédito, o que é um potencial", disse o empresário.

Slim assegurou que "quando os países passam dos US$ 12 mil de renda anual per capita rompem a barreira do subdesenvolvimento e a América Latina já está muito perto" e, se puder crescer a uma taxa de 5% anual, "em 15 anos duplicará sua renda per capita".

O magnata, dono da Telmex e América Móvil, afirmou que essa taxa de expansão anual é a "menor" que a região pode ter porque, assegurou, a demanda de bens primários produzida pela América Latina será "permanente".

Segundo Slim, o primeiro a ser incorporado ao desenvolvimento será o Chile e depois "Argentina, Colômbia, Brasil, México e Peru".

Frente ao otimismo do mexicano, o ex-presidente do Governo espanhol Felipe González lembrou o "estado de ânimo" positivo da Ásia a respeito de seu futuro econômico, enquanto na América Latina há vários estados de ânimo, com um Brasil "muito positivo" e outro no México "não tão positivo", "mas em geral, considera que a região tem oportunidades de futuro".

Em contraste, assinalou González, a Europa pensa que a seguinte geração terá menos oportunidades que a de seus pais.

O ex-presidente espanhol assegurou que muitos dos problemas estruturais, como o envelhecimento populacional, detectados na Europa há 15 anos "seguem sem serem enfrentados", enquanto o Velho Continente aplica medidas restritivas perante a crise, frente às expansionistas pelas quais optaram os Estados Unidos.

Também se queixou pela crise de governança em nível mundial, demonstrada na falta de acordos de um G20 incapaz de "enfrentar os movimentos financeiros que se encontram em bolhas prestes a explodir".

"A visão absolutamente antagônica dos Estados Unidos e da União Europeia torna impossível avanços sérios em forma de propostas", assegurou González.

Por sua parte, o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, concordou que é um problema "preocupante" e "particularmente sério" a "falta de unidade no mundo desenvolvido", as visões "contrárias que os países centrais têm para sair da crise".

Neste contexto, o ex-presidente do Uruguai, Julio María Sanguinetti, considerou fundamental "redefinir o multilateralismo no mundo".

O empresário Slim criticou particularmente que os países desenvolvidos não só não regulem os sistemas financeiros corretamente como, além disso, ainda tomem "grandes riscos".

"Não foi resolvido nada. E mais, o problema está sendo aguçado", assegurou o empresário, que também se mostrou preocupado com a "falta de condução da mudança e as crises que isto vai provocar" e porque "os tecnocratas não sabem que não sabem".

"Estamos vivendo uma crise de paradigma, de Governos, nos países desenvolvidos, que se manifestou nos sistemas financeiros e também se manifesta agora em grandes déficits fiscais, com os quais se tornam insustentáveis os benefícios que os Governos tinham dado", assegurou Slim.

Segundo Felipe González, se Argentina, Brasil e México, os três países latino-americanos que integram o G20, se coordenassem para apresentar a voz de sua região, disse, "teríamos dado um passo gigante no ponto de vista da integração".

O ex-presidente colombiano Belisario Betancur assegurou que concorda "totalmente" com seu colega espanhol, porque acredita que "a mãe de todas as calamidades é a falta de integração" na região.

"Como não nos colocamos de acordo para ter uma só voz, seguimos cantando sob a chuva", lamentou.






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